Recebi esse artigo do DR RENAN e acho ele interessante fala sobre os braquetes au to ligados e acho super importaante .
A estética no sistema de braquetes autoligáveis
Daniel J. Fernandes*, Rhita C. C. Almeida**, Cátia C. A. Quintão***,
Carlos N. Elias****, José Augusto M. Miguel*****
Resumo
Palavras-chave: Fricção superficial. Braquetes estéticos. Modo de ligação. Ortodontia.
A R T I G O I N É D I T O
* Aluno de Mestrado em Ortodontia-UERJ – Rio de Janeiro/Brasil.
** Aluna de Mestrado em Ortodontia-UERJ – Rio de Janeiro/Brasil.
*** Doutora em Ortodontia - UFRJ. Professora Adjunta,Ortodontia-UERJ–Rio de Janeiro/Brasil.
**** Doutor em Ciências dos Materiais – IME. Professor de Ciências dos Materiais - IME – Rio de Janeiro/Brasil.
***** Doutor em Odontologia - UFRJ. Professor Adjunto, Ortodontia-UERJ – Rio de Janeiro/Brasil.
INTRODUÇÃO
O uso cada vez mais freqüente de mecânicas
de deslizamento tornou o controle do atrito em
Ortodontia uma das principais preocupações para
o sucesso do tratamento planejado. O atrito pode
ser definido como uma força que se opõe ou retarda
a movimentação de dois corpos que se encontram
em contato. Diferentemente do uso de alças,
onde o atrito gerado é mínimo, o deslizamento
responde por considerável quantidade de fricção
na interface braquete/fio ortodôntico1,10,11,12,14,15,
sendo a dinâmica deste binômio essencial para o
estabelecimento da movimentação ortodôntica.
Diversas indicações são atribuídas à mecânica de
deslizamento, tais como casos de fechamento de
espaços, além da translação e retração de elementos
para ocupação de áreas de extração1,10,11,12,15.
O conceito de braquetes autoligáveis surgiu
em 1935 com o advento do sistema Russell Lock.
A partir desta data, já era preconizado um sistema
que viabilizasse a otimização do tempo de atendimento
e uma maior facilidade de união do sistema
braquete/fio ortodôntico, com a menor quantidade
de atrito possível11,13,14. A retenção do arco no interior
da ranhura do braquete era obtida através de
um sistema mecânico ajustado na superfície vestibular
do artefato, funcionando como uma quarta
parede da ranhura. O padrão de autoligação foi seguido
e aprimorado por Wildman em 1972 com o
sistema Edgelok11,13,15.
Hanson, em 1975, combinou o Sistema Edgewise
preconizado por Angle com conceitos pessoais,
desenvolvendo um aparato helicoidal autoajustável
único, capaz de reter o arco e transmitir ao
mesmo algum grau de ativação11,13,15. Apresentava,
porém, algumas limitações inerentes à capacidade
de distensão do sistema de molas segundo o qual a
resposta da interação fio/braquete subordinava-se
Introdução: os braquetes autoligáveis foram, inicialmente, idealizados com objetivo de otimização
do tempo de atendimento clínico. Por dispensar qualquer tipo de amarração, inúmeras
vantagens foram atribuidas a este sistema, com a redução da fricção superficial na interface
braquete/fio ortodôntico. Com esta redução, são necessárias forças de menor intensidade para
o estabelecimento da movimentação dentária, realizada, assim, de uma forma mais rápida e
eficiente. Em decorrência da maior demanda estética por parte dos pacientes, os braquetes
autoligáveis começaram a ser confeccionados em policarbonato, promovendo ganhos estéticos
únicos, quando em comparação a seus anólogos metálicos. Objetivo: realizar uma revisão de
literatura sobre o sistema de braquetes autoligáveis estéticos.
A estética no sistema de braquetes autoligantes
R Dental Press Ortodon Ortop Facial 98 Maringá, v. 13, n. 3, p. 97-103, maio/jun. 2008
ao calibre do fio ortodôntico empregado.
Diversos outros tipos de braquetes autoligáveis
foram idealizados, com variações de forma, tamanho,
mecânica e material. Todavia estes artefatos,
apesar de sua considerável capacidade de diminuição
do atrito, nunca se difundiram de maneira permanente
no cotidiano ortodôntico6. O alto custo
e a inicial fragilidade apresentada por este sistema
foram os principais responsáveis pela não ratificação
do mesmo15,16.
Após o ano de 2000, com o surgimento de braquetes
autoligáveis de menores dimensões, maior
robustez e praticidade de manipulação, estes artefatos
tornaram-se interessantes ao uso diário do
ortodontista. Todavia, um maior apelo à estética foi
observado por parte dos pacientes, redirecionando
a uma nova tendência12. Estes começaram, então, a
ser confeccionados em policarbonato. Estudos realizados
por Cacciafesta et al.3 afirmam que o atrito
produzido por este tipo de material apresenta-se
como mais próximo ao observado em braquetes
metálicos convencionais, apesar de superior ao
mesmo. Contudo, pouco se observa na literatura
sobre o comportamento deste dispositivo quando
confeccionado em policarbonato, tornando-se necessária
uma revisão de literatura sobre o assunto.
REVISÃO DA LITERATURA
Fricção superficial e atrito
Fricção pode ser definida como a grandeza
contrária à movimentação de um corpo em relação
tangencial à superfície de outro, atuando em
sentido oposto à tendência de deslocamento do
mesmo1,11,14,15,18. A grandeza é abordada segundo
seu coeficiente de fricção, resultado do quociente
entre o módulo da força de fricção tangencial e
a carga aplicada pela força normal, perpendicular
ao movimento em análise10. Sua natureza pode ser
decomposta em uma componente vertical, denominada
força normal, que responde pela interação
entre as superfícies de contato dos corpos envolvidos
no movimento. Está também subordinada ao
coeficiente de atrito, o qual se demonstra constante
para cada tipo de material e é dependente de características
físicas, tais como textura, rugosidade
e dureza das superfícies envolvidas14,18. A fricção
pode ser, ainda, dividida em duas outras forças, de
acordo com estado de dinâmica ao qual o sistema
se encontra submetido1,18. Ambas as grandezas são
conhecidas como fricção estática e cinética, antagonistas
ao estado de inércia apresentado, estando
o corpo em repouso ou em movimento, respectivamente11.
A componente estática muitas vezes
apresenta-se como superior escalarmente à sua
análoga dinâmica15.
O controle da fricção existente durante o deslocamento
do fio no interior da ranhura de braquetes
torna-se crucial pelo fato da mesma influenciar
diretamente a taxa e o tipo de movimentação
dentária1 e, conseqüentemente, o grau de sucesso
alcançado com a mecânica. Pode ser influenciada
por inúmeras variáveis, como o tipo de material,
dimensão, forma e angulação da interface fio/ranhura1-
7,10,14-18, situações de umidade do meio12,13,
forças de ligação e tipo de amarração2,6,10,11,13,15.
Em relação ao tamanho dos braquetes, os de
menores dimensões demonstraram valores de fricção
superiores aos de maiores dimensões10. Tal afirmação
justifica-se pelo fato de braquetes menores
permitirem uma maior tendência de inclinação
dentária. Esta inclinação responde pelo estabelecimento
de uma angulação na interface fio/braquete
e, assim, o aumento da fricção superficial5,17,18.
Abordando-se a dimensão e forma dos fios ortodônticos,
uma influência direta é observada com
relação à quantidade de atrito gerada. Fios ortodônticos
de maior secção transversa disponibilizam
um maior preenchimento da ranhura do braquete
envolvido15 e, conseqüentemente, uma maior
área de contato com o mesmo, resultando em uma
maior fricção superficial1,6,17. Um aumento do atrito
também é observado quando fios retangulares
são empregados. Esta desvantagem, porém, é consideravelmente
suprida pelo controle de posições
radiculares permitido por este tipo de fio durante a
movimentação dentária.
FERNANDES, D. J.; ALMEIDA, R. C. C.; QUINTÃO, C. C. A.; ELIAS, C. N.; MIGUEL, J. A. M.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial 99 Maringá, v. 13, n. 3, p. 97-103, maio/jun. 2008
Viabiliza-se, assim, uma menor incidência de
inclinações indesejadas que proporcionariam o
estabelecimento de angulações, convergindo para
um atrito resultante muito superior ao aferido em
conseqüência apenas da secção retangular transversa
do material4,13,17,18.
O atrito e a clínica ortodôntica
O planejamento da movimentação dentária
pode envolver diversos tipos de técnicas, estando
o uso de mecânicas de deslizamento muito
presente no cotidiano da clínica ortodôntica.
Contribui ativamente para o estabelecimento de
forças de atrito em grau muito superior ao observado
pela ativação de alças ou loops1,10,11,14,15.
Diferentemente do uso de alças onde o atrito gerado
é consideravelmente menor, o deslizamento
responde por considerável quantidade de fricção1,10,11,12,14,15.
Para que o movimento dentário seja estabelecido,
é preconizado que a força exercida por um
capilar sanguíneo seja aplicada sobre os tecidos de
suporte dentário1,12. Esta força contudo, deve primeiriamente
superar a resistência apresentada pela
fricção gerada na interface braquete/fio. Quando
altos níveis de atrito são observados neste conjunto,
a força aplicada pode ser reduzida à ordem de até
60% de sua intensidade original, podendo transcorrer,
clinicamente, na dificultação da movimentação
dentária desejada e em perda de ancoragem10,14.
Diversas outras manobras clínicas também respondem
pela geração de atrito. Dentre elas pode-se citar
a aplicação de torques ativos e o alinhamento e
nivelamento de elementos dentários10.
Devido à capacidade do atrito gerado de influenciar
diretamente na velocidade e intensidade
de movimentação dentária, seu controle torna-se
crucial para o sucesso do tratamento ortodôntico
planejado. Desta forma, qualquer dispositivo que
viabilize sua redução deve ser analisado e estudado
de maneira singular em cada caso. Observa-se,
assim, uma indicação em potencial do emprego de
braquetes autoligáveis. Estes dispositivos, quando
confeccionados em materais não metálicos, ainda
suprem a maior demanda observada por parte dos
pacientes com relação à estética12. Todavia, pouco
foi observado em literatura sobre o comportamento
deste tipo de artefato quando confeccionado
por polímeros resinosos. A observação do comportamento
frente às situações clínicas que envolvam
uma quantidade considerável de atrito se torna
necessária.
Composição dos braquetes estéticos
Os braquetes estéticos podem ser compostos por
diferentes materiais; dentre eles a matriz cerâmica
e a resinosa são os mais empregados, por apresentarem
maior semelhança à maioria das colorações
evidenciadas à composição do esmalte dentário.
Os braquetes estéticos cerâmicos são compostos
de 99,9% de óxido de alumínio, podendo diferir
segundo o modo de fabricação, sendo denominados
de mono ou policristalinos10. Os artefatos compostos
por matrizes resinosas são confeccionados, principalmente,
a partir de policarbonatos. Inicialmente,
sua composição abrangia apenas matrizes puras,
o que tornava o material mais propenso a deformações,
fraturas e manchamentos8. Uma nova composição
foi, então, estipulada para sua constituição,
abrangendo a incorporação de reforços cerâmicos
e de fibras de vidro. Os incrementos cerâmicos são
observados nos sistemas autoligáveis Opal (Ultradent,
South Jordan, EUA) e os de fibra de vidro no
modelo Oyster (Gestenco, Gothemburg, Suíça) e
Damon 3 (Ormco, Glendora, Califórnia, EUA). A
modificação das matrizes do material garantiu uma
superior resistência, estabilidade e menor suscetibilidade
ao manchamento8,9, apresentando, contudo,
valores de dureza e rigidez inferiores quando
comparados aos braquetes de aço inoxidável e os
de matrizes cerâmicas19.
O único modelo de braquetes autoligáveis
translúcidos não confeccionados em policarbonato
é o In-Ovation estético (GAC, Nova Iorque,
EUA). Sua manufatura em cerâmica abrange a
associação da matriz policristalina à liga de aço
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A estética no sistema de braquetes autoligáveis
inoxidável responsável pelo revestimento de sua
ranhura e do sistema de autofechamento anterior.
Este padrão de emprego do material estético, em
apenas uma fração diminuta do corpo do artefato,
foi também utilizado pela Ormco (Glendora, Califórnia,
EUA) no modelo Damon 3 , só que incorporando
o policarbonato ao invés da cerâmica.
Considerando-se o método de confecção dos
braquetes de policarbonato, Zinelis et al.19 afirmam
ser a manufatura dos artefatos realizada sob
a injeção de um único tipo de material. A impossibilidade
de soldagem ou brazagem devida à
não-resistência da matriz de policarbonato a estes
procedimentos inviabiliza qualquer tentativa de
confecção segmentada da base, corpo ou trava de
precisão do artefato. Esta montagem a partir da
união de diferentes partes é observada durante a
manufatura dos braquetes de aço inoxidável, onde
sua base possui rigidez inferior quando comparada
a partes de seu corpo, como por exemplo as asas
do artefato19. Desta maneira assegura-se uma base
composta por um aço inoxidável de módulo de
elasticidade inferior e maior resiliência em relação
às asas do mesmo artefato, reduzindo possíveis danos
ao esmalte dentário durante a descolagem19.
O sistema de braquetes autoligáveis
O sistema autoligável difere dos demais pela
logística mecânica presente em sua ranhura, que
responde pela permanência do fio ortodôntico em
seu interior. Pode ser observada a existência de uma
cobertura metálica de material semelhante ao empregado
na manufatura do braquete. Esta cobertura
sofre encaixe na abertura da ranhura, funcionando
como uma quarta parede do mesmo e transformando-
o à semelhança do que seria um tubo ortodôntico . Este sistema observado em diversos
dispositivos (Tab. 1) segue a metodologia idealizada
pelo modelo Russel Lock11,13,15.
O outro modelo autoligável existente caracteriza-
se como transcorrendo do padrão desenvolvido
por Hanson4, em 1975, (Tab. 1), ancorando-se
na existência de uma mola de material resiliente,
que garante a reclusão do fio ortodôntico no interior
da ranhura dos braquetes. Todavia, o resultado
desta interação está subordinado ao calibre do fio
empregado. Este sistema originou a logística em
uso conhecida como spring clip1,5,12,15,16,17 ou sistema
ativo resiliente.
Por ser a união do binômio braquete/fio ortodôntico
realizada através do dispositivo mecânico
de autoligação, inúmeras vantagens foram atribuídas
à logística apresentada por esse tipo de artefato.
Dentre elas, pode-se citar a maior facilidade e
rapidez no momento de associação do fio à ranhura
do braquete7,13,14,17, um menor tempo de cadeira
por atendimento e de tratamento, maior conforto
e maior facilidade de higienização por parte do
paciente7,13, a diminuição das chances de quebra
da cadeia de biossegurança e de infecções cruzadas13
pelo fato de ser empregada uma quantidade
menor de instrumentais6 e a manutenção de forças
Tabela 1 - Comparação entre os sistemas mecânicos e anos
de surgimento dos sistemas de braquetes autoligáveis2,14.
mais constantes e duradouras sobre o elemento
dentário.
Uma redução da fricção superficial é intrínseca1,2,5-
11,13,15,16,17 a este tipo de dispositivo, exatamente
por dispensar qualquer tipo de agente
externo de ligação. Todavia, em casos de braquetes
autoligáveis resinosos, por haver a priorização da
estética do paciente12, desvantagens clínicas talvez
possam ser observadas. Trata-se da possibilidade
de aumento da fricção superficial apresentada por
este tipo de material. Este aumento refere-se às
possíveis elevações da rugosidade e do coeficiente
de atrito apresentado pelos polímeros resinosos
DISCUSSÃO
A fricção superficial é considerada uma grandeza
multifatorial, estando a mesma subordinada
a interações existentes entre o fio ortodôntico e o
braquete e à forma como estes dispositivos encontram-
se ligados9,11,15,16.
O comportamento dos fios ortodônticos, apesar
de também depender de sua interação com a
ranhura dos artefatos, é principalmente governado
por características intrínsecas próprias. Tais características
seriam suas propriedades físicas, abrangendo
a rugosidade, dureza e flexibilidade do material9,11,17.
A rugosidade responde pela modulação
do coeficiente de atrito, sendo estas grandezas diretamente
proporcionais e responsáveis pela intensidade
de fricção superficial produzida9. A dureza
dos fios também tem participação na intensidade
friccional produzida, dependendo, porém, da força
normal observada após o contato do material com
a ranhura dos braquetes ortodônticos11. Este contato,
geralmente, apresenta-se mais presente em fios
com menor dureza e maior flexibilidade.
A estética no sistema de braquetes autoligantes
R Dental Press Ortodon Ortop Facial 102 Maringá, v. 13, n. 3, p. 97-103, maio/jun. 2008
Quanto aos modos de ligação convencionais, é
empregado o uso de amarrilhos metálicos ou elásticos.
Ligaduras elásticas, apesar de sofrerem deformação
permanente em decorrência da hidrólise
térmica ou estiramento em meio bucal, são preferidas,
em decorrência de sua mais simples e fácil
forma de manuseio no cotidiano clínico. Contudo,
apresentam uma superior contribuição para o aumento
da fricção em decorrência do alto coeficiente
de atrito de alguns materiais borrachóides, como
o poliuretano1,15,16. O amarrilho metálico, por sua
vez, demonstra um coeficiente de atrito consideravelmente
inferior ao de seu análogo elástico,
uma superior efetividade e longevidade na forma
de amarração, além de facilitar a higienização por
parte do paciente, por propiciar uma menor retenção
de biofilme bacteriano14,15,16. Desvantagens de
tal sistema estariam no maior tempo de cadeira e
complexidade de manuseio deste material, além da
falta de padronização da força empregada por esta
amarração no complexo braquete/fio ortodôntico15.
Estas limitações, quando em associação à hidrólise
e fricção superior, evidenciadas no sistema
de ligação elástico, sinalizam para as vantagens de
utilização clínica do sistema autoligável, por este
independer de qualquer componente externo para
para reclusão do fio ortodôntico.
Os braquetes autoligáveis são divididos em dois
sistemas, de acordo com o tipo de dispositivo mecânico
presente. O mecanismo conhecido como
spring clip ou sistema ativo resiliente, resume-se
à existência de uma mola metálica que garante a
permanência do fio ortodôntico no interior da ranhura7,15,17.
A alta resiliência desta mola garante a
aplicação de forças mais constantes, fisiológicas e
homogêneas, além de propiciar um maior controle
da movimentação dentária nos 3 planos do espaço2.
Uma resposta simbiótica é observada quando este
dispositivo é utilizado em associação a fios de, também,
grande resiliência1. Todavia, quando objetivase
o controle do atrito, a indicação deste sistema
restringe-se a estágios iniciais de alinhamento e
nivelamento, onde fios ortodônticos de menores dimensões
são empregados12. Esta limitação está relacionada
à distensão da mola metálica, observada
quando em interação com fios de secção transversa
superior a 0,017”16. Nestes casos, o preenchimento
da ranhura atinge o contato com a mola resiliente,
tornando-a ativa na compressão do mesmo fio, resultando
no aumento da fricção superficial.
O outro tipo de dispositivo mecânico autoligável
é o encontrado no sistema de braquetes estéticos de
policarbonato. Este mecanismo conforma-se à existência
de uma tampa rebatível anterior, de mesmo
material de composição dos braquetes, que garante
a reclusão do fio ortodôntico em seu interior sem
qualquer tipo de pressão11,12,16. Sua efetividade está
na capacidade de aprisionamento do fio de maneira
passiva, estética e com reduzido atrito ao deslizamento.
Não se observam restrições quanto à secção
transversa dos fios, estando seu uso indicado em
qualquer estágio da terapia ortodôntica12.
Apesar da redução da fricção ser uma característica
intrínseca do sistema de braquetes autoligáveis,
esta propriedade é auxiliada por características
estruturais observadas na aparatologia autoligada
estética. O uso do policarbonato como material
de escolha contribui para a manutenção da fricção
superficial em níveis reduzidos8. Apesar deste
material, como visto em literatura8, ser mais friável
que outros análogos estéticos, a maior robustez observada
na estrutura dos artefatos autoligáveis nãometálicos
permite considerável resistência do mesmo
à fratura3. Este aumento estrutural necessário
no corpo dos braquetes não prejudica a estética do
dispositivo, e o teórico aumento do atrito que seria
esperado é completamente diluído pelos ganhos
conseguidos por um sistema composto por policarbonato,
que dispensa qualquer tipo de amarração.
CONCLUSÃO
O sistema de braquetes de policarbonato autoligáveis
apresenta-se como uma valiosa opção no
cotidiano clínico, em casos onde haja uma grande
demanda estética. Esta configuração de braquetes
permite o aprisionamento do fio ortodôntico de
FERNANDES, D. J.; ALMEIDA, R. C. C.; QUINTÃO, C. C. A.; ELIAS, C. N.; MIGUEL, J. A. M.
R Dental Press Ortodon Ortop Facial 103 Maringá, v. 13, n. 3, p. 97-103, maio/jun. 2008
forma passiva, sem a participação de nenhum agente
externo de ligação, promovendo a permanência
da fricção superficial em índices reduzidos. Obtémse,
assim, um tratamento mais rápido e confortável
para o paciente, que possibilita a aplicação de forças
ortodônticas de menor intensidade, além dos ganhos
estéticos únicos promovidos pelo sistema autoligável,
quando confeccionado em policarbonato.
Enviado em: junho de 2006
Revisado e aceito: janeiro de 2007
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