segunda-feira, 23 de maio de 2011

Cisto ósseo simples em pacientes sob tratamento ortodôntico – relato de dois casos





Artigo publicado na Revista Dental Press Ortodontia e Ortopedia Facial em 2008, pelos autores Carla Peixoto Valladares, Mônica Simões Israel, José Wilson Noleto, Cícero Luiz Souza Braga, Simone de Queiroz Chaves Lourenço, Eliane Pedra Dias com o objetivo de apresentarem dois casos clínicos de cisto ósseo simples em pacientes sob tratamento ortodôntico. Os referidos autores discutem, baseados na literatura, a possível relação do tratamento ortodôntico e a etiologia do cisto ósseo simples.
O cisto ósseo simples constitui uma lesão óssea não neoplásica que representa aproximadamente 1% de todos os cistos maxilares, acometendo as regiões de corpo e sínfise de mandíbula com maior freqüência. Sua etiologia e patogênese ainda não são bem conhecidas, mas acredita-se em uma origem traumática, que levaria à hemorragia intra-óssea e conseqüente liquefação do coágulo, levando ao desenvolvimento do cisto.
Nos casos apresentados, discute-se se há relação do trauma associado ao tratamento ortodôntico com o surgimento do cisto ósseo simples, ou se representa apenas um achado radiográfico. Em um dos relatos descritos, a lesão surgiu em vigência do tratamento ortodôntico, sugerindo que o trauma resultante da movimentação dentária mecanicamente induzida poderia ter provocado a ruptura de pequenos vasos sangüíneos e o conseqüente desenvolvimento do cisto. Porém os autores abordam alguns pontos importantes, como:
1. 1 . O rígido controle radiográfico no tratamento ortodôntico possibilita a descoberta ocasional de lesões intra-ósseas, levando a um aumento da freqüência do diagnóstico de certas doenças.
2A 2. A segunda década de vida, onde há maior prevalência deste cisto, também representa a faixa etária de maior procura pelo tratamento ortodôntico.
Conclusão dos autores
Apesar das freqüentes publicações sobre relatos de caso e modalidades de tratamento, a escassez de pesquisas científicas que melhor investiguem a etiopatogênese do cisto ósseo simples impede que qualquer afirmação conclusiva possa ser feita sobre a efetiva participação do trauma ortodôntico no desenvolvimento desta lesão.

domingo, 22 de maio de 2011

Estudo comparativo de complicações durante o uso do aparelho de Herbst com cantiléver e com splint inferior de acrílico removível



Neste artigo de 2011, publicado pelo Dental Press Journal of Orthodontics, pelos autores Alexandre Moro, Guilherme Janson, Ricardo Moresca, Marcos Roberto de Freitas, José Fernando Castanha Henriques; Graduação UFPR e Pós-graduação em Ortodontia da UFPR; Universidade Positivo - Graduação e Pós-graduação em Ortodontia; Departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Coletiva da Faculdade de Odontologia de Bauru - USP; Verifica e compara os tipos de complicações durante o tratamento com o aparelho de Herbst com cantiléver (CBJ) e com splint removível inferior.

Desde que Pancherz, em 1979, reintroduziu o aparelho de Herbst na prática clínica, ele tem despertado grande interesse. Já foram propostas várias alterações em seu sistema telescópico e, também, diferentes formas de inserção de seu mecanismo nas arcadas dentárias. Ainda, durante os últimos 20 anos, em grande número de pesquisas têm sido avaliados os efeitos dentários e esqueléticos do tratamento com esse aparelho.

Mais recentemente, duas investigações sobre a taxa de complicações durante o tratamento com o Herbst revelaram que o padrão de complicações depende do tipo de aparelho utilizado, sendo observadas mais fraturas nos pacientes que usaram o aparelho com bandas. Mais descolagens foram encontradas nos pacientes que fizeram uso do splint metálico. Apesar de não ter ocorrido diferença na frequência geral de complicações quando comparados o aparelho com bandas e o modelo com splint metálico, foi recomendado o uso desse a fim de poupar tempo tanto de atendimento clínico quanto de laboratório.

Em 2007, Schiöth et al. compararam a prevalência do tipo e da frequência das complicações com o uso dos splints metálicos total (canino a molares) e reduzido (canino a segundo pré-molar). Concluíram que o descolamento do splint superior é a principal complicação durante o uso do aparelho de Herbst com splint metálico. A redução do comprimento do splint inferior não aumenta a prevalência das complicações, mas reduz os gastos, e seu uso pode ser recomendado.

Apesar de estar sendo amplamente utilizado na Europa e nos Estados Unidos há mais de duas décadas, somente neste século o aparelho de Herbst passou a ser mais utilizado no Brasil.

Uma das explicações para a demora em adotar essa modalidade terapêutica é o custo do aparelho. Há alguns anos, encontrava-se disponível para venda no Brasil apenas uma marca de sistema telescópico, que custava 10 vezes mais do que nos Estados Unidos. Hoje, podem-se encontrar no Brasil várias marcas de sistemas telescópicos a um custo mais acessível.

O aparelho de Herbst com cantiléver (CBJ) tem como principal vantagem a facilidade de confecção, pois os pivôs já vêm soldados na coroa superior e no cantiléver inferior, facilitando muito a sua confecção. Além disso, clinicamente o aparelho mostrou-se bastante resistente. As desvantagens do CBJ são as seguintes: o custo elevado do aparelho; a tendência de abaixamento do cantiléver inferior, provocando a inclinação do molar; e a tendência do pivô inferior machucar a bochecha do paciente durante a primeira semana de uso. Já o aparelho de Herbst com splint inferior removível tem como vantagens: o custo re-duzido; a possibilidade de remover o splint para a escovação dos dentes (o que facilita a higiene); adaptação mais fácil para o paciente; e uma curva de aprendizagem menor que a do CBJ para o profissional. A desvantagem observada clinica- mente no aparelho de Herbst com splint foi uma menor resistência do splint inferior de acrílico.

Schiöth et al., ao comparar as complicações com o uso dos splints metálicos total (canino a molares) e reduzido (canino a segundo pré-molar), dividiram os pacientes em quatro categorias de acordo com a frequência das complicações: baixa frequência (1 a 3 complicações), frequência moderada (4 a 6 complicações), alta frequência (7 a 10 complicações), muito alta frequência (mais de 10 complicações). A maioria dos pacientes avaliados teve baixa frequência e em torno de 10% dos pacientes dos dois grupos tiveram alta frequência. Sanden et al. encontraram que 55% dos pacientes experimentaram de 1 a 3 complicações, 29% de 4 a 6, 13% de 7 a 10, e 3% mais de 10 ocorrências de complicações. Ao analisar os 14 pacientes tratados com CBJ e 19 pacientes tratados com splint que apresentaram complicações, resolvemos dividi-los em três grupos: 0-1, 2-3, ou mais que 3 complicações durante o tratamento com o aparelho de Herbst. No grupo CBJ nenhum paciente apresentou individualmente mais de 3 ocorrências de complicações, o que demonstra o bom desempenho clínico do aparelho. No grupo Splint, 33% do pacientes tiveram mais de 3 ocorrências de complicações durante o tratamento, e o número máximo de 6 foi observado em dois pacientes. Ao comparar os resultados desse estudo com os de Schiöth et al. e Sanden et al., pode-se concluir que os aparelhos de Herbst com cantiléver e com splint inferior apresentaram bom desempenho clínico quando comparados ao aparelho de Herbst com splint metálico e com bandas.

CONCLUSÕES

» O grupo CBJ apresentou um menor número de complicações durante o tratamento com o aparelho de Herbst.

» Em ambos os grupos, nenhum paciente apre- sentou, individualmente, um grande número de complicações.

» O aparelho de Herbst com coroas de aço nos primeiros molares e cantiléver nos molares inferiores (CBJ) é preferível ao modelo com splint inferior removível de acrílico, devido à economia de tempo clínico e laboratorial.