sexta-feira, 29 de abril de 2011

A ORTODONTIA NA ODONTOGERIATRIA




Com os avanços da Medicina e da ciência, a expectativa de vida da população tem aumentado consideravelmente. De acordo com o IBGE, a expectativa de vida do brasileiro, que em 2004 era de 70,4 anos ao nascer, deve alcançar em 2050 o patamar de 81,3 anos, mesmo nível atual do Japão, primeiro país do mundo em esperança de vida. Como conseqüência, a cada dia um maior número de idosos, com 60 anos ou mais (OMS), se preocupa com os cuidados com a saúde e a estética.

O paciente idoso apresenta, geralmente, perdas dentárias, próteses, restaurações extensas, alteração no tecido ósseo de suporte, sendo encaminhado ao ortodontista para um tratamento auxiliar a uma reabilitação bucal ou em casos de envolvimento estético, onde não estão indicados procedimentos restauradores. Neste caso torna-se primordial um planejamento multidisciplinar com bom relacionamento entre os profissionais envolvidos, observando as necessidades do paciente, as limitações do caso e os objetivos do tratamento, sempre considerando a motivação do paciente para este tratamento.

Embora os aparelhos atuais sejam mais confortáveis e estéticos, existe ainda um preconceito por parte dos pacientes com mais idade em enfrentar a sociedade, realizando um tratamento comumente utilizado por indivíduos mais jovens. Entretanto é de comum acordo entre vários autores que estes pacientes são extremamente colaboradores com o tratamento, pontuais em suas consultas e responsáveis com a higiene bucal, quando bem orientados. A atenção do profissional dedicada ao paciente é de extrema importância, pois este aprecia um atendimento diferenciado, com informações detalhadas sobre cada fase do tratamento, colaborando para o seu sucesso.

A movimentação ortodôntica no paciente com mais idade depende, principalmente, de um planejamento bem realizado, com objetivos precisos, a fim de realizar um tratamento ortodôntico simplificado, pois existe uma dificuldade deste paciente em tolerar o uso de aparelhos por períodos prolongados.

A condição de saúde bucal é de extrema importância no tratamento ortodôntico. Tibério et al. e 2005, observaram que aproximadamente 80% dos pacientes idosos necessitam de algum tipo de intervenção periodontal. A movimentação ortodôntica deve ser realizada na ausência de doença periodontal ativa. A quantidade de osso alveolar na região a ser movimentada ortodonticamente é um importante fator a ser observado, e determina o tipo de movimento a ser realizado. Os dentes com pouco suporte ósseo são passíveis de muita inclinação, pois o seu centro de resistência encontra-se deslocado para apical e para a sua movimentação são necessárias forças extremamente suaves.

A contenção representa um dos pontos críticos do sucesso do tratamento no idoso. Nestes pacientes o processo osteoclástico ocorre de forma semelhante aos jovens, no entanto após a movimentação quando o osso não está submetido a um estímulo, as respostas celulares são características da 3ª idade, quando a neoformação óssea está diminuída. Neste caso torna-se necessária uma contenção definitiva, com próteses fixas, resina associada a fios ortodônticos ou fibras de vidro, ou com outros materiais que unam e mantenham a posição de todos os dentes movimentados.

A idade não representa um fator que inviabiliza a realização do tratamento ortodôntico, entretanto, uma anamnese detalhada auxilia no planejamento do tratamento e na realização de uma mecânica simplificada, a fim de atingir o objetivo de cada paciente. O paciente idoso apresenta várias diferenças quando comparado ao jovem, mas, quando o tratamento estiver bem indicado e o paciente esclarecido e motivado, esse paciente se torna um ótimo colaborador e espera-se resultados bastante satisfatórios.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Movimentação ortodontica em pacientes adultos com comprometimento peridontal !!

 
Talvez um gde ''problema '', porem , um problema frequente nos dias de hoje na vida de um ortodontista, é a correção de oclusão em pacientes adultos. Esses pacientes quando nos procuram , eles por eles mesmos já vem com uma certa ansiedade, querem melhorar a oclusão e consequentemente a aparencia, apesar que sempre os que me procuram é na ordem trocada ... primeiro a aparencia e depois a oclusão...n e o gde obstáculo encontrado é a perda de elementos, perda de osso , enfim tratar da oclusão de um adulto , é muito diferente de tratarmos de uma criança, sempre digo que a criança , o adolecente que tem um pai que busca esse tratamento , não apresenta a ansiedade que um adulto carrega para dentro do consultório.
Nesse final de semana , pesquisando sobre um outro assunto , encontrei esse texto do Anderson Calheiros , que achei mto interessante.
Ele nos mostra que se adaptarmos a força necessária , ao grau de comprometimento periodental do paceinte adulto, podermos ter um resultado esperado .


Boa leitura !
 
O número de pacientes adultos que procuram o tratamento ortodôntico tem aumentado sensivelmente nos últimos anos. Muitas vezes esses casos requerem um plano de tratamento e mecânicas mais complexas. Dentre as suas limitações mais freqüentes pode-se citar as doenças periodontais, com perda de inserção e a ausência de elementos dentários. Tais problemas podem afetar a migração fisiológica dos dentes, resultando em más oclusões com inclinações axiais de difícil correção. Normalmente, esses casos apresentam as seguintes características: diastemas medianos ou espaços generalizados, principalmente no segmento anterior; inclinação vestibular exagerada e extrusão dos incisivos superiores; rotação e inclinação de pré-molares e molares com colapso da oclusão posterior reduzindo a dimensão vertical. Esse quadro pode ainda ser agravado por algum tipo de trauma oclusal e hábitos, como a interposição lingual.
 
 
Geralmente o tratamento ortodôntico desses pacientes é bastante limitado, seja por diminuição exagerada do suporte ósseo, ou pela falta de ancoragem devido às perdas de vários elementos. Deve-se considerar no tratamento uma abordagem multidisciplinar, com elaboração de um plano de tratamento bastante diferenciado, adequando a mecânica à necessidade de cada indivíduo em particular.
 
Considerando-se os problemas periodontais, os conceitos mais atuais afirmam que a correlação entre a profundidade da sondagem e a presença ou ausência de doença ativa não é tão expressiva quanto se acreditava até algum tempo atrás. Por isto, atualmente, a eliminação da bolsa já não é um objetivo primordial da terapia periodontal. Hoje, o sucesso do tratamento periodontal centraliza-se na conversão do local com periodontite ativa para o estado inativo. Sendo assim, considera-se apto ao tratamento ortodôntico aquele paciente cujos problemas periodontais encontram-se controlados, sem sangramento gengival a sondagem e com boa higiene bucal, mesmo que o periodonto encontre-se reduzido, sem que isso signifique mais deteorização do tecido de sustentação
 
 
 
Outro problema bastante comum em pacientes adultos é a perda de vários elementos dentários, o que pode significar sérias limitações ao tratamento ortodôntico. Em muitos desses pacientes, para se viabilizar a correção da má oclusão, é necessário a utilização de implantes como ancoragem. Porém, não existem métodos padronizados a seres seguidos no tratamento de indivíduos adultos. Os princípios biomecânicos usados na Ortodontia devem ser adaptados à anatomia particular das áreas onde o movimento dentário está sendo planejado. Dessa forma em alguns casos, mesmo com perdas dentárias generalizadas, é possível executar um tratamento ortodôntico adequado, sem o auxílio de implantes, simplesmente com a aplicação de mecânica ortodôntica diferenciada, superando assim o problema da falta de ancoragem.
 
 
O tratamento ortodôntico em adultos apresenta limitações que podem ser divididas didaticamente em: limitações intrínsecas (de natureza biológica) e limitações extrínsecas (dificuldades biomecânicas). A limitação intrínseca mais marcante é o fato de não existir mais crescimento no adulto. Dessa forma, grandes discrepâncias esqueléticas sópodem ser corrigidas com cirurgia ortognática. O tratamento ortodôntico, nesses casos, fica restrito ao movimento dentário com conseqüente remodelação do processo alveolar. Esse tipo de movimentação não apresenta maiores problemas quando executado em pacientes adultos com periodonto sadio, uma vez que as reações tissulares requeridas na movimentação ortodôntica não dependem da idade.
 
 
No estágio inicial do tratamento ortodôntico em adultos, é recomendada uma força intermitente de 20-30g. Posteriormente, a força pode ser aumentada para 30-50g (movimento de inclinação) e 50-80g (movimento de corpo) dependendo do grau de perda óssea marginal e da qualidade de osso alveolar remanescente. Segundo Birte Melsen et al.8, a força ideal para a intrusão em dentes comprometidos periodontalmente é entre 5 a 10g por elemento.
 
 
                                                   
CONCLUSÃO
 
 
Embasado cientificamente pela literatura e com a observação clínica, acredita-se que é possível tratar ortodonticamente e de maneira eficiente, casos em que limitações, tais como os problemas periodontais generalizados e as perdas de vários elementos dentários, estão presentes. Contudo, o plano de tratamento deve ser multidisciplinar, atendendo as particularidades de cada caso. Por isso, previamente ao tratamento ortodôntico, é imprescindível que a adequação do meio bucal tenha sido obtida, com todas as restaurações e extrações necessárias executadas e principalmente com a periodontite totalmente controlada. Considerando-se o aspecto mecânico do tratamento, deve-se criar um eficiente sistema de ancoragem, e cuidar para que as forças aplicadas sejam suaves e intermitentes permitindo dessa forma um bom controle do movimento. Com esses cuidados, espera-se obter uma efetiva movimentação dentária, sem que, contudo, sejam causados danos adicionais ao tecidos de suporte e as raízes dos elementos envolvidos.