segunda-feira, 23 de maio de 2011

Cisto ósseo simples em pacientes sob tratamento ortodôntico – relato de dois casos





Artigo publicado na Revista Dental Press Ortodontia e Ortopedia Facial em 2008, pelos autores Carla Peixoto Valladares, Mônica Simões Israel, José Wilson Noleto, Cícero Luiz Souza Braga, Simone de Queiroz Chaves Lourenço, Eliane Pedra Dias com o objetivo de apresentarem dois casos clínicos de cisto ósseo simples em pacientes sob tratamento ortodôntico. Os referidos autores discutem, baseados na literatura, a possível relação do tratamento ortodôntico e a etiologia do cisto ósseo simples.
O cisto ósseo simples constitui uma lesão óssea não neoplásica que representa aproximadamente 1% de todos os cistos maxilares, acometendo as regiões de corpo e sínfise de mandíbula com maior freqüência. Sua etiologia e patogênese ainda não são bem conhecidas, mas acredita-se em uma origem traumática, que levaria à hemorragia intra-óssea e conseqüente liquefação do coágulo, levando ao desenvolvimento do cisto.
Nos casos apresentados, discute-se se há relação do trauma associado ao tratamento ortodôntico com o surgimento do cisto ósseo simples, ou se representa apenas um achado radiográfico. Em um dos relatos descritos, a lesão surgiu em vigência do tratamento ortodôntico, sugerindo que o trauma resultante da movimentação dentária mecanicamente induzida poderia ter provocado a ruptura de pequenos vasos sangüíneos e o conseqüente desenvolvimento do cisto. Porém os autores abordam alguns pontos importantes, como:
1. 1 . O rígido controle radiográfico no tratamento ortodôntico possibilita a descoberta ocasional de lesões intra-ósseas, levando a um aumento da freqüência do diagnóstico de certas doenças.
2A 2. A segunda década de vida, onde há maior prevalência deste cisto, também representa a faixa etária de maior procura pelo tratamento ortodôntico.
Conclusão dos autores
Apesar das freqüentes publicações sobre relatos de caso e modalidades de tratamento, a escassez de pesquisas científicas que melhor investiguem a etiopatogênese do cisto ósseo simples impede que qualquer afirmação conclusiva possa ser feita sobre a efetiva participação do trauma ortodôntico no desenvolvimento desta lesão.

domingo, 22 de maio de 2011

Estudo comparativo de complicações durante o uso do aparelho de Herbst com cantiléver e com splint inferior de acrílico removível



Neste artigo de 2011, publicado pelo Dental Press Journal of Orthodontics, pelos autores Alexandre Moro, Guilherme Janson, Ricardo Moresca, Marcos Roberto de Freitas, José Fernando Castanha Henriques; Graduação UFPR e Pós-graduação em Ortodontia da UFPR; Universidade Positivo - Graduação e Pós-graduação em Ortodontia; Departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Coletiva da Faculdade de Odontologia de Bauru - USP; Verifica e compara os tipos de complicações durante o tratamento com o aparelho de Herbst com cantiléver (CBJ) e com splint removível inferior.

Desde que Pancherz, em 1979, reintroduziu o aparelho de Herbst na prática clínica, ele tem despertado grande interesse. Já foram propostas várias alterações em seu sistema telescópico e, também, diferentes formas de inserção de seu mecanismo nas arcadas dentárias. Ainda, durante os últimos 20 anos, em grande número de pesquisas têm sido avaliados os efeitos dentários e esqueléticos do tratamento com esse aparelho.

Mais recentemente, duas investigações sobre a taxa de complicações durante o tratamento com o Herbst revelaram que o padrão de complicações depende do tipo de aparelho utilizado, sendo observadas mais fraturas nos pacientes que usaram o aparelho com bandas. Mais descolagens foram encontradas nos pacientes que fizeram uso do splint metálico. Apesar de não ter ocorrido diferença na frequência geral de complicações quando comparados o aparelho com bandas e o modelo com splint metálico, foi recomendado o uso desse a fim de poupar tempo tanto de atendimento clínico quanto de laboratório.

Em 2007, Schiöth et al. compararam a prevalência do tipo e da frequência das complicações com o uso dos splints metálicos total (canino a molares) e reduzido (canino a segundo pré-molar). Concluíram que o descolamento do splint superior é a principal complicação durante o uso do aparelho de Herbst com splint metálico. A redução do comprimento do splint inferior não aumenta a prevalência das complicações, mas reduz os gastos, e seu uso pode ser recomendado.

Apesar de estar sendo amplamente utilizado na Europa e nos Estados Unidos há mais de duas décadas, somente neste século o aparelho de Herbst passou a ser mais utilizado no Brasil.

Uma das explicações para a demora em adotar essa modalidade terapêutica é o custo do aparelho. Há alguns anos, encontrava-se disponível para venda no Brasil apenas uma marca de sistema telescópico, que custava 10 vezes mais do que nos Estados Unidos. Hoje, podem-se encontrar no Brasil várias marcas de sistemas telescópicos a um custo mais acessível.

O aparelho de Herbst com cantiléver (CBJ) tem como principal vantagem a facilidade de confecção, pois os pivôs já vêm soldados na coroa superior e no cantiléver inferior, facilitando muito a sua confecção. Além disso, clinicamente o aparelho mostrou-se bastante resistente. As desvantagens do CBJ são as seguintes: o custo elevado do aparelho; a tendência de abaixamento do cantiléver inferior, provocando a inclinação do molar; e a tendência do pivô inferior machucar a bochecha do paciente durante a primeira semana de uso. Já o aparelho de Herbst com splint inferior removível tem como vantagens: o custo re-duzido; a possibilidade de remover o splint para a escovação dos dentes (o que facilita a higiene); adaptação mais fácil para o paciente; e uma curva de aprendizagem menor que a do CBJ para o profissional. A desvantagem observada clinica- mente no aparelho de Herbst com splint foi uma menor resistência do splint inferior de acrílico.

Schiöth et al., ao comparar as complicações com o uso dos splints metálicos total (canino a molares) e reduzido (canino a segundo pré-molar), dividiram os pacientes em quatro categorias de acordo com a frequência das complicações: baixa frequência (1 a 3 complicações), frequência moderada (4 a 6 complicações), alta frequência (7 a 10 complicações), muito alta frequência (mais de 10 complicações). A maioria dos pacientes avaliados teve baixa frequência e em torno de 10% dos pacientes dos dois grupos tiveram alta frequência. Sanden et al. encontraram que 55% dos pacientes experimentaram de 1 a 3 complicações, 29% de 4 a 6, 13% de 7 a 10, e 3% mais de 10 ocorrências de complicações. Ao analisar os 14 pacientes tratados com CBJ e 19 pacientes tratados com splint que apresentaram complicações, resolvemos dividi-los em três grupos: 0-1, 2-3, ou mais que 3 complicações durante o tratamento com o aparelho de Herbst. No grupo CBJ nenhum paciente apresentou individualmente mais de 3 ocorrências de complicações, o que demonstra o bom desempenho clínico do aparelho. No grupo Splint, 33% do pacientes tiveram mais de 3 ocorrências de complicações durante o tratamento, e o número máximo de 6 foi observado em dois pacientes. Ao comparar os resultados desse estudo com os de Schiöth et al. e Sanden et al., pode-se concluir que os aparelhos de Herbst com cantiléver e com splint inferior apresentaram bom desempenho clínico quando comparados ao aparelho de Herbst com splint metálico e com bandas.

CONCLUSÕES

» O grupo CBJ apresentou um menor número de complicações durante o tratamento com o aparelho de Herbst.

» Em ambos os grupos, nenhum paciente apre- sentou, individualmente, um grande número de complicações.

» O aparelho de Herbst com coroas de aço nos primeiros molares e cantiléver nos molares inferiores (CBJ) é preferível ao modelo com splint inferior removível de acrílico, devido à economia de tempo clínico e laboratorial.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

A ORTODONTIA NA ODONTOGERIATRIA




Com os avanços da Medicina e da ciência, a expectativa de vida da população tem aumentado consideravelmente. De acordo com o IBGE, a expectativa de vida do brasileiro, que em 2004 era de 70,4 anos ao nascer, deve alcançar em 2050 o patamar de 81,3 anos, mesmo nível atual do Japão, primeiro país do mundo em esperança de vida. Como conseqüência, a cada dia um maior número de idosos, com 60 anos ou mais (OMS), se preocupa com os cuidados com a saúde e a estética.

O paciente idoso apresenta, geralmente, perdas dentárias, próteses, restaurações extensas, alteração no tecido ósseo de suporte, sendo encaminhado ao ortodontista para um tratamento auxiliar a uma reabilitação bucal ou em casos de envolvimento estético, onde não estão indicados procedimentos restauradores. Neste caso torna-se primordial um planejamento multidisciplinar com bom relacionamento entre os profissionais envolvidos, observando as necessidades do paciente, as limitações do caso e os objetivos do tratamento, sempre considerando a motivação do paciente para este tratamento.

Embora os aparelhos atuais sejam mais confortáveis e estéticos, existe ainda um preconceito por parte dos pacientes com mais idade em enfrentar a sociedade, realizando um tratamento comumente utilizado por indivíduos mais jovens. Entretanto é de comum acordo entre vários autores que estes pacientes são extremamente colaboradores com o tratamento, pontuais em suas consultas e responsáveis com a higiene bucal, quando bem orientados. A atenção do profissional dedicada ao paciente é de extrema importância, pois este aprecia um atendimento diferenciado, com informações detalhadas sobre cada fase do tratamento, colaborando para o seu sucesso.

A movimentação ortodôntica no paciente com mais idade depende, principalmente, de um planejamento bem realizado, com objetivos precisos, a fim de realizar um tratamento ortodôntico simplificado, pois existe uma dificuldade deste paciente em tolerar o uso de aparelhos por períodos prolongados.

A condição de saúde bucal é de extrema importância no tratamento ortodôntico. Tibério et al. e 2005, observaram que aproximadamente 80% dos pacientes idosos necessitam de algum tipo de intervenção periodontal. A movimentação ortodôntica deve ser realizada na ausência de doença periodontal ativa. A quantidade de osso alveolar na região a ser movimentada ortodonticamente é um importante fator a ser observado, e determina o tipo de movimento a ser realizado. Os dentes com pouco suporte ósseo são passíveis de muita inclinação, pois o seu centro de resistência encontra-se deslocado para apical e para a sua movimentação são necessárias forças extremamente suaves.

A contenção representa um dos pontos críticos do sucesso do tratamento no idoso. Nestes pacientes o processo osteoclástico ocorre de forma semelhante aos jovens, no entanto após a movimentação quando o osso não está submetido a um estímulo, as respostas celulares são características da 3ª idade, quando a neoformação óssea está diminuída. Neste caso torna-se necessária uma contenção definitiva, com próteses fixas, resina associada a fios ortodônticos ou fibras de vidro, ou com outros materiais que unam e mantenham a posição de todos os dentes movimentados.

A idade não representa um fator que inviabiliza a realização do tratamento ortodôntico, entretanto, uma anamnese detalhada auxilia no planejamento do tratamento e na realização de uma mecânica simplificada, a fim de atingir o objetivo de cada paciente. O paciente idoso apresenta várias diferenças quando comparado ao jovem, mas, quando o tratamento estiver bem indicado e o paciente esclarecido e motivado, esse paciente se torna um ótimo colaborador e espera-se resultados bastante satisfatórios.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Movimentação ortodontica em pacientes adultos com comprometimento peridontal !!

 
Talvez um gde ''problema '', porem , um problema frequente nos dias de hoje na vida de um ortodontista, é a correção de oclusão em pacientes adultos. Esses pacientes quando nos procuram , eles por eles mesmos já vem com uma certa ansiedade, querem melhorar a oclusão e consequentemente a aparencia, apesar que sempre os que me procuram é na ordem trocada ... primeiro a aparencia e depois a oclusão...n e o gde obstáculo encontrado é a perda de elementos, perda de osso , enfim tratar da oclusão de um adulto , é muito diferente de tratarmos de uma criança, sempre digo que a criança , o adolecente que tem um pai que busca esse tratamento , não apresenta a ansiedade que um adulto carrega para dentro do consultório.
Nesse final de semana , pesquisando sobre um outro assunto , encontrei esse texto do Anderson Calheiros , que achei mto interessante.
Ele nos mostra que se adaptarmos a força necessária , ao grau de comprometimento periodental do paceinte adulto, podermos ter um resultado esperado .


Boa leitura !
 
O número de pacientes adultos que procuram o tratamento ortodôntico tem aumentado sensivelmente nos últimos anos. Muitas vezes esses casos requerem um plano de tratamento e mecânicas mais complexas. Dentre as suas limitações mais freqüentes pode-se citar as doenças periodontais, com perda de inserção e a ausência de elementos dentários. Tais problemas podem afetar a migração fisiológica dos dentes, resultando em más oclusões com inclinações axiais de difícil correção. Normalmente, esses casos apresentam as seguintes características: diastemas medianos ou espaços generalizados, principalmente no segmento anterior; inclinação vestibular exagerada e extrusão dos incisivos superiores; rotação e inclinação de pré-molares e molares com colapso da oclusão posterior reduzindo a dimensão vertical. Esse quadro pode ainda ser agravado por algum tipo de trauma oclusal e hábitos, como a interposição lingual.
 
 
Geralmente o tratamento ortodôntico desses pacientes é bastante limitado, seja por diminuição exagerada do suporte ósseo, ou pela falta de ancoragem devido às perdas de vários elementos. Deve-se considerar no tratamento uma abordagem multidisciplinar, com elaboração de um plano de tratamento bastante diferenciado, adequando a mecânica à necessidade de cada indivíduo em particular.
 
Considerando-se os problemas periodontais, os conceitos mais atuais afirmam que a correlação entre a profundidade da sondagem e a presença ou ausência de doença ativa não é tão expressiva quanto se acreditava até algum tempo atrás. Por isto, atualmente, a eliminação da bolsa já não é um objetivo primordial da terapia periodontal. Hoje, o sucesso do tratamento periodontal centraliza-se na conversão do local com periodontite ativa para o estado inativo. Sendo assim, considera-se apto ao tratamento ortodôntico aquele paciente cujos problemas periodontais encontram-se controlados, sem sangramento gengival a sondagem e com boa higiene bucal, mesmo que o periodonto encontre-se reduzido, sem que isso signifique mais deteorização do tecido de sustentação
 
 
 
Outro problema bastante comum em pacientes adultos é a perda de vários elementos dentários, o que pode significar sérias limitações ao tratamento ortodôntico. Em muitos desses pacientes, para se viabilizar a correção da má oclusão, é necessário a utilização de implantes como ancoragem. Porém, não existem métodos padronizados a seres seguidos no tratamento de indivíduos adultos. Os princípios biomecânicos usados na Ortodontia devem ser adaptados à anatomia particular das áreas onde o movimento dentário está sendo planejado. Dessa forma em alguns casos, mesmo com perdas dentárias generalizadas, é possível executar um tratamento ortodôntico adequado, sem o auxílio de implantes, simplesmente com a aplicação de mecânica ortodôntica diferenciada, superando assim o problema da falta de ancoragem.
 
 
O tratamento ortodôntico em adultos apresenta limitações que podem ser divididas didaticamente em: limitações intrínsecas (de natureza biológica) e limitações extrínsecas (dificuldades biomecânicas). A limitação intrínseca mais marcante é o fato de não existir mais crescimento no adulto. Dessa forma, grandes discrepâncias esqueléticas sópodem ser corrigidas com cirurgia ortognática. O tratamento ortodôntico, nesses casos, fica restrito ao movimento dentário com conseqüente remodelação do processo alveolar. Esse tipo de movimentação não apresenta maiores problemas quando executado em pacientes adultos com periodonto sadio, uma vez que as reações tissulares requeridas na movimentação ortodôntica não dependem da idade.
 
 
No estágio inicial do tratamento ortodôntico em adultos, é recomendada uma força intermitente de 20-30g. Posteriormente, a força pode ser aumentada para 30-50g (movimento de inclinação) e 50-80g (movimento de corpo) dependendo do grau de perda óssea marginal e da qualidade de osso alveolar remanescente. Segundo Birte Melsen et al.8, a força ideal para a intrusão em dentes comprometidos periodontalmente é entre 5 a 10g por elemento.
 
 
                                                   
CONCLUSÃO
 
 
Embasado cientificamente pela literatura e com a observação clínica, acredita-se que é possível tratar ortodonticamente e de maneira eficiente, casos em que limitações, tais como os problemas periodontais generalizados e as perdas de vários elementos dentários, estão presentes. Contudo, o plano de tratamento deve ser multidisciplinar, atendendo as particularidades de cada caso. Por isso, previamente ao tratamento ortodôntico, é imprescindível que a adequação do meio bucal tenha sido obtida, com todas as restaurações e extrações necessárias executadas e principalmente com a periodontite totalmente controlada. Considerando-se o aspecto mecânico do tratamento, deve-se criar um eficiente sistema de ancoragem, e cuidar para que as forças aplicadas sejam suaves e intermitentes permitindo dessa forma um bom controle do movimento. Com esses cuidados, espera-se obter uma efetiva movimentação dentária, sem que, contudo, sejam causados danos adicionais ao tecidos de suporte e as raízes dos elementos envolvidos.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Acupuntura na Odontologia - 1ª Parte




Começamos o curso em São José do Rio Preto, e resolvi fazer postagens aqui sobre os módulos que participamos.
Para quem tem interesse na área, e possa perceber essa nova abordagem na odontologia.


Não entendo nada de acupuntura, nem de medicina chinesa, portanto creio que muitos se identificarão.
Nesse primeiro módulo o que chama atenção é a paixão com que os professores falam do assunto.
Tantos termos ,não digo grego, mas chineses, que a príncípio nos sentimos um pouco intimidados, mas depois vamos absorvendo a história milenar dessa ciência e nos acostumamos.


Á princípio o que posso dizer é que tudo no universo está interligado .
Duas forças complementares compõem tudo que existe, e do equilíbrio dinâmico entre elas surge todo movimento e mutação.
O conceito Yin -Yang  .
Yang -o princípio ativo, diurno, luminoso, quente
Yin- o princípio passivo, noturno, escuro, frio.


Para entender melhor pense no negativo e positivo, sendo Yig-negativo e Yang-positivo.
Mas não atribua valores , apenas que um é positivo ou negativo quando comparado ao outro.
Essa dualidade não é uma definição apenas um conceito.
Ainda não posso divagar muito pois estamos no começo, voltarei ao assunto com a evolução do curso.


A medicina chinesa se baseia nos cinco elementos.
Madeira , Fogo, Terra , Metal, Água.
Assim como as cinco sentidos, os cinco estações, cinco pontos cardeais e muitos outros exemplos(Não se espante são cinco mesmo, depois explico direitinho )
Outro tópico para voltarmos.


Quando dizemos acupuntura,  a primeira coisa que pensamos é nas agulhas, mas é muito mais que isso, abrange várias técnicas, todas voltadas para a busca deste equilíbrio.
Tudo faz parte de técnicas milenares de medicina chinesa.
Dentro da Odontologia uma das técnicas que está dando resultado é a auriculoterapia
"A auriculoterapia tem constituído a sua própria teoria, por ter na atualidade, métodos independentes para o diagnóstico e tratamento das enfermidades.
Os pontos auriculares funcionam como uma memória do histórico patológico das pessoas, por isso o diagnóstico através destes, fornece-nos o desenvolvimento cronológico das enfermidades e a preparação para processos patológicos que ainda não se manifestaram clinicamente."


Portanto, o que realmente entendí até agora é que:


Precisamos encontrar o equilíbrio para poder resolver uma patologia, ou melhor ainda, evitá-la.
Pois quando aparecem no organismo, não quer dizer que surgiram naquele mes, ano..uma patologia leva tempo para ser diagnosticada, mas seus sintomas estavam presentes no organismo (desequilíbrio) á muitos anos, basta saber como interpretar os sintomas, que diversas vezes parecem não ter ligação nenhuma entre sí.


No próximo mes creio que conseguirei explicar melhor, afinal tento ser uma boa aluna rsss


Bjsss


Cristina Nery


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Fontes:
-Anotações pessoais
-http://www.medicinachinesapt.com/auriculoterapia.html
-http://pt.wikipedia.org/wiki/Yin-yang
          

quinta-feira, 24 de março de 2011

ACUPUNTURA NA ODONTOLOGIA

Acupuntura na odontologia. Conhecida e desenvolvida pelos chineses em tempos remotos, tornou-se hoje uma opção a mais de terapia, em que o profissional, além de adquirir novos conhecimentos, encontra um campo aberto a novas pesquisas na área de Saúde.

A acupuntura tem se destacado devido ao grande número de trabalhos científicos publicados recentemente, que muito têm contribuído para a sua compreensão. Um grande número de profissionais já aderiram à prática, em razão da sua eficácia. Nos Estados Unidos, por exemplo, a cada ano são realizados de 9 a 12 milhões de tratamentos por meio da Acupuntura, segundo estimativa da FDA (Food and Drug Administration).

Por Acupuntura entende-se o conjunto de conhecimentos teórico-empíricos que visa à terapia e à cura das doenças através de aplicação de agulhas e de moxas, além de outras técnicas. Visando estimular a sua prática, a própria OMS, através de seu diretor geral, em 1990, na França, oficializou amplo apoio à Acupuntura. No Brasil, desde 1995, o Conselho Federal de Medicina reconheceu a acupuntura como uma especialidade.

Origem e Desenvolvimento

Acredita-se que a Acupuntura já era conhecida e praticada na Idade da Pedra. Achados arqueológicos em várias partes da China confirmam essa hipótese; junto a outros instrumentos de cura, foram encontradas agulha de pedra, que eram diferentes das de costura. A sua prática desenvolveu-se como um segredo de família, transmitida somente aos membros pertencentes ao clã, até a época do legendário Imperador Amarelo, tendo sido escrito em vinte e quatro volumes o Nei-Ching, o primeiro livro que tratou detalhadamente da Acupuntura. À partir de então, a técnica foi aperfeiçoada, e as agulhas, inicialmente de pedra, hoje são fabricadas com ligas de prata, ouro e aço inoxidável.

No ocidente, as primeiras referências à Acupuntura chegaram através dos missionários jesuítas, sendo que os seus relatos, apesar de serem interessantes, eram vagos. Somente em 1928, pela publicação do relato de Soulié de Morant, de forma completa e acurada, pôde-se dispor de um tratado que, pelo seu conteúdo, serve de referência até os dias de hoje.

Princípios Gerais da Prática da Acupuntura:


Aplicação de agulhas

A Acupuntura consiste, conforme indica a origem da palavra (acus: agulha; punctura: punctura), na inserção, na profundidade de alguns milímetros, de agulhas finas, em pontos da pele especificamente determinados, em diferentes direções, dependendo da localização do ponto e do objetivo a ser alcançado, sendo deixadas por um determinado período de tempo e depois removidas.

Os meridianos

São linhas onde existem pontos distribuídos (pontos de acupuntura), que são associados a órgãos internos, e que se prolongam pelas partes principais do corpo e terminam nas pontas dos dedos das mãos ou dos pés. Na verdade, trata-se de um sistema de canais imateriais, no conceito dos chineses.
De uma maneira bem simplista, pode-se dizer que a prática da Acupuntura, prevenindo ou curando certas doenças, consiste na aplicação de agulhas em pontos (pontos de acupuntura) localizados nos meridianos, visando a tonificação ou sedação dos mesmos.

COMO AGORA ACUPUNTURA É RECONHECIDA PELO CRO , EU , DRA CRSITINA NERY , DR FERNANDO E DR EDUARDO ESTAMOS EM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO , A CONVITE DO DR CREPALDI PARA FAZERMOS NOS PRÓXIMOS DOIS ANOS ESSA ESPECIALIZAÇÃO.
Para que serve a acupuntura no tratamento odontológico?É mais utilizada na analgesia dentária ou como complemento da anestesia. Há indicações eficazes, porém menos difundidas, como auxiliar na mobilidade dentária, correção ortodôntica e doença periodontal, bruxismo, ansiedade da cadeira do dentista e outros narrados pela literatura internacional. A acupuntura é útil também para analgesia pós-procedimentos odontológicos, fato comprovado cientificamente por estudos internacionais, à partir de resultado do "NIH Acupuncture Consensus Conference

A acupuntura substitui os tratamentos tradicionais?Não. O seu papel é auxiliar, complementar ou otimizar o tratamento. Ela não tem nenhuma pretensão de substituir nada
Aplicações na odontologia:

No pré-atendimento
Pode ser de grande valia a indicação da acupuntura para o paciente ansioso, estressado e com fobia ao tratamento odontológico, assim como para pacientes hipertensos e portadores de doenças sistêmicas, possibilitando um atendimento menos traumático. Nos casos de cirurgia, esse condicionamento prévio pode resultar numa melhor condição de hemostasia e num pós-peratório mais tranqüilo.
Durante o atendimento odontológico
A analgesia tem sido descrita como uma aplicação das mais utilizadas, tanto em procedimentos de Dentística, Endodontia, Periodontia e em Cirurgia, sendo um procedimento menos traumático que a anestesia convencional.

Como tratamento de suporte
A Acupuntura pode ser coadjuvante no tratamento da disfunção da ATM (articulação têmporo-mandibular), do trismo, bruxismo, além de outras sintomatologias mastigatórias miofasciais. É de grande valia a efetividade no controle da dor nesses casos.

No pós-operatório
O controle da dor no período pós-cirúrgico possibilita ao paciente um certo grau de conforto, além de um menor consumo de medicamentos. Pacientes que passaram por radioterapia na região de cabeça e pescoço também podem se beneficiar com o uso da Acupuntura.
Como pode ser observado, existem várias indicações odontológicas para o uso da Acupuntura, que vão sendo aos poucos incorporadas à prática clínica, de acordo com a sua comprovação científica

domingo, 13 de março de 2011

os tipos de micro parafusos usados em ortodontia lingual






Neste artigo de 2004, publicado pela Angle Orthodontist, pelos autores Masayoshi Kawakami; Shouichi Miyawaki; Haruhiro Noguchi; Tadaaki Kirita; do Department of Oral and Maxillofacial Surgery, Nara Medical University, Kashihara Nara, Japan; Department of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics, Okayama University Graduate School of Medicine and Dentistry, Japan. Mostra a eficiencia do micro implante ortodontico como metodo de ancoragem na mecanoterapia em ortodontia lingual.

Os pacientes adultos muitas vezes rejeitam o uso de aparelhos extrabucais e colocação de um aparelho labial visível, por causa de estética e preocupações sociais. No entanto, a falta de resultados dessa cooperação com perda de ancoragem e os resultados do tratamento insuficientes. A Ortodontia Lingual é uma alternativa de solução, mas a ancoragem estável usando um aparelho extrabucal é muitas vezes necessária. A recente introdução de mini implantes proporciona aos profissionais um sistema de fixação alternativa em vez do aparelho extrabucal convencional e barra transpalatina.

O mini parafusos de titânio foram concebidos para fornecer um meio simples de ancoragem para obter uma retracção em massa sem perda de ancoragem. Um sistema de fixação com parafusos de titânio proporciona vantagens no tratamento ortodôntico, incluindo o fechamento do espaço, intrusão e distalização dos dentes posteriores. Os parafusos normalmente são colocados no osso alveolar vestibular, onde a raiz dentária não será danificada. Com as vantagens da colocação cirúrgica fácil e osteointegração não é necessária, apenas um curto período de fixação é necessária após os parafusos são colocados. No entanto, poucos relatos têm sido publicados sobre ortodontia lingual combinado com a ancoragem dos parafusos de titânio.

Uma mulher de 22 anos se apresentou com uma queixa principal de dentes anteriores irregularmente alinhados e salientes. Uma revisão de sua história médica não revelou alergias ou problemas médicos, e não apresenta sinais ou sintomas de disfunção temporomandibular. A paciente tinha um perfil convexo e biprotrusão, e as relações molares de Classe I com moderado apinhamento nos dentes anteriores. A linha média dentária inferior estava desviada dois milímetros para a esquerda por causa do leve apinhamento dos incisivos. Além disso, ambos os incisivos superiores e inferiores anterior exibido biprotrusão grave, com um ângulo interincisivos de 106,98º.

Mini Parafusos de titânio (1,5 mm de diâmetro, 15 mm de comprimento, Martin Medizin-Technik Gebruder-Martin GmbH, Tuttlingen, Alemanha) foram implantados no ossos alveolares superior e inferior entre os primeiros e segundos molares, sob anestesia local. Para evitar o dano à raiz, os parafusos foram colocados nas áreas interseptais dos molares. Dois meses após o implante, os segundos pré-molares superiores e inferiores foram extraídos e o nivelamento foi iniciado através de um aparelho ortodôntico fixo lingual (aparelho Kurz sétima geração, Ormco Co Glendora, CA, EUA).

A aplicação de força para a retração dos dentes anteriores foi realizada com fixação reforçada através da ligadura dos parafusos de titânio para o gancho do primeiro molar com um elástico. Após a retração dos dentes anteriores em 12 meses, todos os parafusos de implante foram removidos. O tratamento ortodôntico lingual foi concluído, e o uso de aparelhos removíveis superior e inferior, foi iniciada quando a paciente tinha 25 anos e 10 meses de idade. O tratamento ativo, incluindo a colocação do implante durou 29 meses. A melhora do Perfil e retração acentuada dos dentes anteriores foram alcançados.

O processo de tratamento atual pode ser criticado por necessitar de uma cirurgia de implante temporário. No entanto, a operação é simplificada através da eliminação da incisão, levantando retalho e sutura, pois a cirurgia de implante convencional requer um retalho de espessura total. A paciente facilmente aceitou a cirurgia, e os sintomas de dor pós-operatória e desconforto foram quase insignificantes. Além disso, há pouco risco em o implante de curar transmucosally. Durante a retração ativa dos dentes anteriores, não encontramos qualquer afrouxamento dos implantes, e peri-implante de tecido mole condições eram favoráveis.

O tratamento ortodôntico atual exige tempo de tratamento mínimo e mínima colaboração do paciente, oferecendo máxima eficácia do tratamento. Concluiu-se que a ortodontia lingual é um excelente sistema para o tratamento invisível em um paciente adulto e que a ancoragem em mini implantes de titânio pode ser usado para a manutenção de ancoragem eficiente com os procedimentos de retração anterior.


Link do artigo na integra via Angle Orthodontist:

http://www.angle.org/doi/pdf/10.1043/0003-3219%282004%29074%3C0715%3ASIUAAF%3E2.0.CO%3B2

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Tratamento Ortodontico combinado com distração osteogênica mandibular e mudanças no sistema estomatognático

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Foi Realizado um tratamento ortodôntico combinado com distração osteogênica mandibular bilateral em um paciente de 15 anos de idade que queria uma correção de uma deficiência de queixo e uma protrusão lábial superior. O paciente possuia uma maloclusão Classe II 1ª Divisão de Angle, com retrusão mandibular, um angulo de plano mandibular baixo.
Inicialmente, um quad-helix foi utilizado para corrigir a mordida cruzada bilateral na região de pré-molar. Mais tarde, foi montada uma aparatologia fixa edgewise nos arcos maxilar e mandibular. Após 3 dias, uma distração osteogênica mandibular foi realizada.

Durante e após a distração, a mordida aberta entre os arcos superior e inferior foi corrigida utilizando elásticos. O tempo total do tratamento com o aparelho edgewise foi de 14 meses. Foi alcançada uma relação equelética Classe I, um bom perfil facial, e uma melhor intercuspidação dos dentes foram alcançados com o tratamento.
Foi realizada uma avaliação eletromiográfica (EMG) da atividade do músculo masseter e temporal anterior. O aumento da área de contato oclusal após o tratamento, pode ter contribuído para o aumento na atividade muscular e do vigor da oclusão. O caso relatado no artigo sugeriu que com o tratamento ortodôntico combinado com a distração osteogênica mandibular em um paciente com retrusão mandibular no período final do crescimento pode ser eficaz para melhorar a função do sistema estomatognático.


Neste artigo de 2008, publicado na Angle Orthodontist, pelos autores Aya Maedaa; Kazuhisa Soejimab; Mikinori Ogurac; Haruhito Ohmurea; Kazumasa Sugiharad; Shouichi Miyawakie das Universidades de Kagoshima e Miyazaki no Japão. A grande polêmica em torno da distração osteogênica são as alterações que todo o sistema estomatognático possa sofrer após o procedimento realizado.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

ortodontia preventiva na saúde pública

Quando desenvolvi meu trabalho de tese  no mestrado , pude observar que no Brasil de um modo geral o governo só se ''preocupa '' ou entende como doença bucal  a cárie, Acreditam os governantes que reduzindo as cáries de uma maneira geral , o problema estará resolvido.Um ledo engano, sabemos hoje que a Organização Mundial da Saúde , (OMS)considera a má -oclusão como o terceiro problema odontológico , sendo superado somente pela cárie e problemas periodontais , mesmo sabendo dessa escala o governo mto pouco faz a respeito de melhora na ortodontia preventiva.
Se hoje a população fosse assitida por especialistas e as crianças de um poder aquisitivo menor pudessem desfrutar do uso de aparelhos removiveis , mtos habitos adquiridos na infancia seriam corrigidos.
Hoje de posse de alguns dados epidemiológicos podemos ver que no Brasil os principais problemas de saúde bucal de relevância em saúde coletiva são : A CÁRIE DENTÁRIA, AS DOENÇAS PERIODONTAIS DE UM TODO, AS ACLUSOPATIAS, O CÂNCER BUCAL, E AS FENDAS LÁBIO-PALATINA , mas vemos também que isso muda de acordo com a região que estamos falando, pois temos em algumas regões um maior controle no que se relaciona á cárie e as doenças periodontais , e ai o Sistema  Único de Saúde precisariam ampliar a oferta de seus serviços , estendendo a atenção até as anomalias oclusais .Mas infelizmente são poucas as prefeituras que se voltam para esse problema , talves por um problema financeiro do municipio, ou até mesmo falta d e
profissionais qualificados na  área , mas o que acontece é que  a população acaba  ficando sem o acesso aos recursos mais simples que seriam a ortodontia preventiva , que acaba acumulando a de um tratamento mais complexo.
Infelizmente hoje fazem mtas pesquisa a respeito de má oclusão , mas tomam -se poucas atitudes para que o SUS possa enfim começar o tratamento precoce dessa doença bucal .
Quando em 2004 com o advento , da nova politica de saúde bucal brasileira o famoso ( BRASIL SORRIDENTE ) do governo federal, as prefeituras criam os CEO que nada mais são que centros especializados de odontologia , pensavamos  então que a partir dai teriamos especialistas para a maioria das areas , mas infelizmente isso não acontece, ao menos na pratica.
Temos um levantamento feito na cidade de Araraquara e pudemos perceber que de 838 crianças das creches do múnicipio que foram examinadas , em  80%  encontramos casos de de má oclusão em dentadura decídua , isso em uma faixa etária de 2 a 6 anos .
Pude constatar também que quanto mais inferior a renda socioeconônica do individuo , os problemas oclusais se tornam mais grave, pois a criança adquire certos habitos como chupete , mamadeira , chupar o dedo entre outros , que interferem diretamente  na dentição  decídua e mista da criança .Por isso acho que seria mto bom se a saúde Publica no Brasil  seguisse o bom exemplo de alguns paises , onde a ortodontia , e tratada pelo SPS .
Na Finlândia vemos que mesmo os recursos destinados a saude bucal , não sendo suficiente , para acolher a demanda ortodontica naquel pais , eles fazem uma seleção com  os pacientes dando prioridade para aqueles que a necessidade é maior .

sábado, 12 de fevereiro de 2011

ortodontia oreventiva na saúde pública

O texto não é meu , mas é sobre um estudo que estou fazendo , por isso coloquei , e minha proxima postagem falarei sobre esse tema novamente , acho importante que a ortodontia preventiva seja abraçada pelo SUS , pois tão importante quanto ao tratamento preventivo da cárie , é o tratamento da oclusão .
1 I
NTRODUÇÃO
Através do conhecimento epidemiológico é possível conhecer a distribuição
e a gravidade de condições mórbidas que possam ocorrer numa população.
Também é possível, da mesma forma, verificar a interferência de fatores
etiológicos sobre a ocorrência das doenças, fornecendo dados para o planejamento
de ações preventivas e curativas.
Sabe-se que a cárie dentária e a doença periodontal são as doenças bucais
mais prevalentes no nosso país e, por esse motivo, é comum a disponibilidade de
dados para acompanhar suas prevalências. No entanto, as oclusopatias muitas
vezes podem ser tão prevalentes quanto a cárie e a doença periodontal,
dependendo da região e das características do grupo populacional estudado
(FRAZÃO, 1999). O crescimento harmônico da face e a correta erupção e
implantação dos dentes nas bases ósseas visando uma oclusão balanceada são
aspectos que também devem ser levados em consideração dentro do conceito de
prevenção. Os procedimentos preventivos e interceptativos dentro da Ortodontia
são viáveis no serviço público, pois são de conhecimento de qualquer clínico,
requerem muitas vezes somente orientações à criança e aos pais, o
encaminhamento a um outro profissional de saúde e, quando necessário, a
confecção de simples aparelhos removíveis ou mantenedores de espaço capazes de
serem confeccionados pelo próprio dentista generalista na sua Unidade de Saúde.
Somente ao restaurar uma cárie interproximal num molar decíduo, já se previne
uma perda de espaço, e isso é também Ortodontia preventiva.
Este trabalho foi realizado na comunidade de Cajazeiras que fica localizada
na zona rural do município de Macaíba distante 45 Km de Natal/ RN, e que conta
com a assistência de uma equipe de saúde do PSF (Programa de Saúde da Família)
composta por uma médica, uma cirurgiã-dentista, uma enfermeira, uma auxiliar
de consultório dentário (ACD), um auxiliar de enfermagem e cinco agentes
comunitários de saúde (ACS), cuja prioridade é contribuir para a reorientação do
modelo assistencial a partir da atenção básica, fortemente centrado em ações
preventivas e curativas, saindo do atendimento tradicional e em conformidade
com os princípios do SUS (Sistema Único de Saúde).
O estudo foi dividido em três partes: a primeira foi conhecer a prevalência
da cárie dentária, má-oclusão e alterações gengivais em pré-escolares da
comunidade; a segunda parte foi avaliar a ocorrência de hábitos bucais deletérios,
de respiração bucal e o tempo de amamentação natural da amostra; e, por fim, a
terceira parte caracterizou-se pela reformulação das ações de promoção em saúde
bucal da Unidade visando a prevenção de oclusopatias no paciente infantil.
2
OBJETIVOS
2.1
GERAL
Incrementar e reorganizar as ações da equipe de saúde bucal do PSF da
comunidade de Cajazeiras visando a prevenção de oclusopatias.
2.2
ESPECÍFICOS
Estimar a prevalência de oclusopatias, cárie dentária e alterações
gengivais em pré-escolares de 5 anos da comunidade;
Avaliar a ocorrência de hábitos parafuncionais, o percentual de
crianças respiradoras bucais e amamentadas naturalmente na comunidade de
Cajazeiras;
Viabilizar o tratamento Ortodôntico preventivo e interceptativo na
Unidade de Saúde pública da comunidade objetivando maior integralidade de
ações preventivas em saúde bucal para os usuários do sistema;
Criar uma equipe multidisciplinar que englobe os profissionais da
Unidade de Saúde e os de referência para prevenir e tratar holisticamente as
oclusopatias no paciente
infantil.
3
REVISÃO DE LITERATURA
O PSF tem como princípios a universalidade e eqüidade da atenção, a
integralidade das ações, voltadas a permanente defesa da vida do cidadão,
imprimindo uma nova dinâmica de atuação nas unidades básicas de saúde, com
definição de responsabilidades entre os serviços de saúde e a população,
proporcionando o desenvolvimento de ações humanizadas, tecnicamente
competentes, intersetorialmente articuladas e socialmente apropriadas (TRAD &
BASTOS, 1998).
Em relação à saúde bucal das crianças pré-escolares, a literatura consultada
mostra ser este o período de alto risco de alterações bucais, e mesmo assim, os
levantamentos epidemiológicos nesta idade ainda são inexpressivos em relação
àqueles realizados em escolares. A prevalência de cárie varia conforme a idade e o
ceo-d aumenta em relação direta com o aumento da idade (BEZERRA, 1990).
A saúde bucal engloba um conceito amplo no qual a prevenção da cárie
dentária e doença periodontal são só um dos pontos básicos e fundamentais.
Porém, o crescimento harmônico da face e a correta erupção e implantação dos
dentes nas bases ósseas visando uma oclusão balanceada são aspectos que devem
ser levados em consideração dentro do conceito de prevenção. Qualquer programa
de promoção de saúde bucal deveria englobar a Ortodontia preventiva, dada a sua
importância para o desenvolvimento, crescimento e maturação do sistema
estomatognático infantil (FALTIN JR. & FALTIN, 1999).
A cárie dentária é a patologia de maior incidência dentre àquelas que
acometem a cavidade bucal
para acompanhar sua prevalência. No Rio Grande do Norte, diversos estudos em
diferentes municípios mostraram variadas taxas de prevalência para a cárie
dentária na idade de 5 anos.
Em um estudo epidemiológico realizado no município de Arês, foi
observado que o ceo-d nas crianças foi de 3,84 com um maior percentual de dentes
cariados com necessidade de tratamento restaurador na maioria dos casos
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ODONTOLOGIA, 2001).
No município de Ceará - Mirim foi observada uma prevalência de 57,1% de
cárie, ceo-d médio de 2,12 e nenhuma alteração gengival em crianças de 5 anos de
idade. Esse valor quase atingiu a meta da Organização Mundial de Saúde (OMS)
que previa para o ano de 2000 na idade de 5 anos que 50% das crianças nessa
idade deveriam estar livres de cárie (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO
GRANDE DO NORTE, 2001).
Em estudo realizado no município de J undiá foi verificado que 83,92% das
crianças com 5 anos apresentavam cárie. Além disso, foi observado um ceo-d de
6,86, sangramento gengival em apenas 3,6% das crianças e cerca de 52% dos
examinados possuíam algum tipo de má-oclusão, sendo que 44,60% das
maloclusões observadas eram do tipo severo (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO
GRANDE DO NORTE, 2003).
J á nos municípios de São Gonçalo do Amarante (SÃO GONÇALO DO
AMARANTE / RN. Secretaria Municipal de Saúde, 1996) e Pureza (BRASIL,
Ministério da Saúde, 2003b), o ceo-d médio aos 5 anos foi de 3,05 e 3,9 e a
prevalência de má-oclusão foi de 41,93% e 16,13% respectivamente.
Em Natal, foi verificado um ceo-d de 3,45 fortemente influenciado pelo
componente cariado. Nesse estudo 28,70% da amostra encontrava-se com alguma
alteração oclusal (BRASIL, Ministério da Saúde, 2003a).
Em relação à prevalência de hábitos deletérios, SANTOS (2005) observouse
em estudo realizado em Natal, com crianças de 3 a 5 anos de idade, uma alta
prevalência (41%) de hábitos de sucção não-nutritiva na amostra estudada. Foi
verificada uma elevada freqüência de sucção de chupeta em crianças amamentadas
num período inferior a 6 meses.
. Por esse motivo, é comum a disponibilidade de dados
4 M
ETODOLOGIA
A metodologia utilizada para as duas primeiras partes do estudo tomou
como base teórico-metodológica o Projeto SB Brasil (BRASIL. Ministério da
Saúde, 2000) e o Manual de Levantamento Epidemiológico Básico de Saúde Bucal
da Organização Mundial da Saúde (OMS,1997).
A primeira parte foi estimar a prevalência de cárie dentária, má-oclusão e
alterações gengivais através do exame intra-oral. A segunda parte do estudo foi,
através de questionários, avaliar a presença de hábitos deletérios, de problemas
respiratórios e o tempo de amamentação natural na amostra.
A amostra deste estudo foi constituída por escolares de ambos os sexos na
idade de 5 anos atendidos pelo PSF, que não estivessem utilizando e que nunca
tivessem utilizado aparelhagem ortodôntica antes da realização do estudo. A idade
de 5 anos é importante em relação aos níveis de doenças bucais na dentição
decídua , já que podem exibir mudanças em um período de tempo menor que a
dentição permanente em outras idades-índices.
Para a faixa etária estudada foram examinados 50 indivíduos escolhidos
aleatoriamente, que de acordo com a OMS (1997) é um número com
representatividade suficiente para estudos menos complexos e para pequenas
populações.
Para estimar a prevalência de cárie dentária e má-oclusão foram utilizados
respectivamente os índices ceo-d e de má-oclusão que, preconizado pela OMS em
sua versão anterior (1987), foi modificado pela Faculdade de Saúde Pública da USP
em 1996, conforme critérios descritos a seguir:
Normal: ausência de alterações oclusais;
Leve: quando há um ou mais dentes com giroversão ou ligeiro apinhamento
ou espaçamento prejudicando o alinhamento regular;
Moderada/ Severa: quando há um efeito inaceitável sobre a aparência facial,
ou uma significativa redução da função mastigatória, ou problemas fonéticos
observados pela presença de uma ou mais das seguintes condições nos quatro
incisivos anteriores:
Transpasse horizontal maxilar estimado em 9 mm ou mais (overjet
positivo);
Transpasse horizontal mandibular, mordida cruzada anterior igual
ou maior que o tamanho de um dente (overjet negativo);
Mordida aberta;
Desvio de linha média estimado em 4 mm ou mais;
Apinhamento ou espaçamento estimado em 4 mm ou mais.
As alterações oclusais não explicadas nos critérios acima, como, por
exemplo, mordida cruzada posterior (uni ou bilateral), sobremordida ou
transpasse vertical acima de 2 mm, foram incluídas na categoria leve.
O índice
iniciais significam, respectivamente: dentes cariados
ceo-d mede o ataque de cárie dentária à dentição decídua. Suas(c), com extração indicada
(e),
devido às dificuldades em identificar os que o foram perdidos devido a cárie e os
que foram perdidos pelo processo natural de esfoliação dentária.
Durante o exame da dentição para cárie dentária foram também observadas
a condição periodontal, avaliada com a utilização do índice AG (alteração
gengival), onde é observado qualquer sinal de sangramento espontâneo em 3 ou
mais coroas, e a necessidade de tratamento.
Os exames clínicos foram realizados por dois examinadores previamente
calibrados, os quais examinaram dez indivíduos nas mesmas faixas etárias. A
calibração permitiu uma maior intimidade com os índices a serem utilizados e o
consenso em relação aos critérios de diagnóstico. A concordância intra e interexaminador
foi determinada reexaminando 12% da amostra, sorteando ao acaso
as repetições sem conhecimento dos examinadores.
Os exames intrabucais foram realizados nas escolas e creches da
comunidade de Cajazeiras, onde as crianças selecionadas da amostra estavam
matriculadas.
Os pré-escolares que foram examinados receberam todas as informações
necessárias de como seriam feitos os exames, com a devida autorização
obturados (o) e a unidade de medida que é o dente (d). Exclui os extraídos



responsáveis (anexo 1). Os indivíduos foram orientados a ficarem sentados em
uma cadeira, onde se podia aproveitar ao máximo a luz natural.
O cirurgião-dentista examinador, devidamente paramentado com avental,
máscara e luvas descartáveis, realizou o exame com auxílio do espelho bucal.
Foram observadas as condições de coroa, gengiva e, a seguir foi realizado o exame
oclusal com o paciente em relação cêntrica. O exame foi rápido, indolor e não usou
qualquer substância antes, durante ou após o exame. O auxiliar anotador ficou ao
lado do cirurgião-dentista e registrou os dados na ficha específica (anexo 2),
utilizando os códigos preestabelecidos de cada índice transmitidos pelo
examinador (BRASIL. Ministério da Saúde, 2000b).
Além do exame clínico, foi utilizado um questionário (anexo 3) previamente
testado em 10% da amostra e aplicados aos pais ou responsáveis das crianças
examinadas contendo oito questões fechadas. Essas questões tiveram o objetivo de
investigar a ocorrência de hábitos parafuncionais (tipo, freqüência e duração), o
número de crianças amamentadas exclusivamente no peito (AME), duração da
amamentação natural e a história médica dos escolares examinados (presença ou
ausência de doenças respiratórias e alérgicas).
Após a realização do levantamento epidemiológico na comunidade, seguiuse
a terceira fase do estudo onde criou-se um protocolo que pudesse atender
pacientes infantis com necessidades de prevenção e tratamento de oclusopatias.
Durante a consulta odontológica na Unidade de Saúde, detectando-se
fatores etiológicos capazes de levar a uma oclusopatia, ou diagnosticando-se
clinicamente uma oclusopatia já instalada, os pais do paciente infantil são
comunicados a respeito da necessidade do tratamento ortodôntico. Modelos de
estudo, radiografias periapicais e fotografias digitais intra e extraorais são obtidas
do paciente para comporem uma documentação ortodôntica “alternativa” a fim de
se planejar o tratamento. Havendo a necessidade de confecção de aparelhagem
ortodôntica esta também é realizada na própria Unidade de Saúde pelo próprio
cirurgião-dentista utilizando materiais e instrumentais básicos. A seguir, a
instalação da aparelhagem é realizada no paciente sendo o mesmo e os seus pais
orientados em relação ao seu correto uso e necessidade de acompanhamento
periódico mensal pelo cirurgião-dentista.



Na necessidade de uma abordagem multidisciplinar, a criança é
encaminhada ao(s) profissional(is) adequado(s) da rede para tratar sua deficiência
mediante ficha de encaminhamento do cirurgião-dentista, a qual consiste em toda
história odontológica do paciente, suas necessidades de tratamento e auxílio
terapêutico do profissional que a está recebendo. Porém, antes disso, debateu-se
com todos os profissionais de saúde da Unidade cujas especialidades estivessem
diretamente relacionadas com a prevenção e/ ou tratamento de maloclusões
dentárias - cirurgiões-dentistas, pediatras, psicólogos, fonoaudiólogos,
fisioterapeutas e nutricionistas – sobre a necessidade da formação de uma equipe
multidisciplinar para o tratamento do paciente infantil portador de uma
oclusopatia deixando-os a par dos encaminhamentos quando preciso.



5 R
ESULTADOS E DISCUSSÃO
Todos os indivíduos da amostra foram examinados, não ocorrendo
nenhuma recusa em participar do estudo. A reprodutibilidade diagnóstica dos
examinadores para cada índice utilizado foi medida através da percentagem geral
de concordância intra e inter-examinador do Projeto SB Brasil (BRASIL,
Ministério da Saúde, 2000a). Os dados das concordâncias podem ser observados
na Tabela 1, os quais adequam-se aos parâmetros de confiabilidade considerados
de ótima concordância.
Tabela 1 – Percentual de concordância intra e inter-examinador, em relação aos
índices ceo-d e má-oclusão. Cajazeiras (Macaíba/RN), 2005.
CONCORDÂNCIA
ÍNDICES
INTRA-EXAMINADOR INTER-EXAMINADOR
Examinador 1 Examinador 2
Ceo-d
0,99 0,96 0,98Má-Oclusão 0,99 0,97 0,98




Tabela 2 – Número e percentual de crianças examinadas segundo gênero. Cajazeiras
(Macaíba/RN), 2005.
GÊNERO TOTAL
Masculino Feminino
N % N % N %
22 44,00 28 56,00 50 100,00
A Tabela 2 ilustra a distribuição da amostra por gênero, onde se percebe que
o sexo feminino esteve mais presente na amostra.
Na Tabela 3 estão ilustrados os valores percentuais da prevalência de cárie,
tomando-se como unidade o indivíduo. Foi observado que somente 24% dos
indivíduos da amostra apresentaram-se livres de cárie (ceo-d = 0), um percentual
abaixo da meta estabelecida (50% livre de cárie) pela Organização Mundial de
Saúde para o ano 2000, para a idade de 5 anos (MOYSÉS, 1999).
Em localidades com esperada alta prevalência, este dado é limitado, daí a
necessidade de se avaliar o grau de ataque da cárie a partir do índice ceo-d, onde
maiores diferenças podem ser observadas. Na Tabela 4 pode-se observar o valor
médio de 5,05 para o índice ceo-d, o qual é bastante influenciado pelo componente
“cariado” (Gráfico 1), sugerindo uma baixa atenção à saúde bucal na idade préescolar.

Tabela 3 – Prevalência de cárie em números absolutos e percentuais, de acordo com a
amostra. Cajazeiras (Macaíba/RN), 2005.
AMOSTRA
CONDIÇÃO
N %
Com Cárie
38 76,00
Sem Cárie
12 24,00
TOTAL
50 100,00
Tabela 4 – Média do índice ceo-d, seus componentes e desvio-padrão, para um
intervalo de confiança de 95%. Cajazeiras (Macaíba/RN), 2005.
N
Ceo-d Cariado Obt/Cariado Obturado Perdido D.Padrão
50 5,05 4,58 0,03 0,05 0,39 4,66
Gráfico 1 – Composição percentual dos componentes do índice ceo-d.
Cajazeiras (Macaíba/RN), 2005.
90%
8%
1%
1%
Cariado
Obt/Cariado
Obturado
Perdido


De acordo com a Tabela 5 pode-se observar que a maior necessidade de
tratamento da amostra consiste em realizar tratamento restaurador, seguido de
endodontia e exodontia, que são considerados procedimentos clínicos simples, de
baixo custo e de pequena complexidade, que podem ser realizados por cirurgiãodentista
generalista. Em relação às alterações gengivais, estas foram inexistentes,
pois não foi observado sangramento gengival espontâneo durante a realização dos
exames. Porém, percebeu-se que grande parte das crianças examinadas
apresentavam higiene bucal deficiente com grande acúmulo de biofilme dentário.
Tabela 5 – Número e percentual de necessidade de tratamento na amostra. Cajazeiras
(Macaíba/RN), 2005.
NECESSIDADE DE
TRATAMENTO
N %
Restauração de 1 Face
321 42,24
Restauração de 2 ou +
Faces
269 35,39
Endodontia
61 8,03
Exodontia
109 14,34
TOTAL
O índice ceo-d encontrado na nossa amostra foi 5,05 e em outros
municípios do Rio Grande do Norte foram: 2,12 em Ceará Mirim
(UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE, 2001), 3,05 em São
Gonçalo do Amarante (SÃO GONÇALO DO AMARANTE/ RN. Secretaria
Municipal de Saúde, 1996), 3,45 em Natal (BRASIL. Ministério da Saúde, 2003a),
760 100,00


3,84 em Arês (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ODONTOLOGIA, 2001) e 3,9 em
Pureza (BRASIL. Ministério da Saúde, 2003b). Quando comparado aos nossos
resultados, estes municípios exibiram melhores condições. Porém o município de
Jundiá apresentou um valor para o ceo-d de 6,86 (UNIVERSIDADE FEDERAL DO
RIO GRANDE DO NORTE, 2003). O alto valor do ceo-d encontrado no nosso
estudo pode ser explicado por se tratar de uma comunidade rural e sócioeconomicamente
carente. É lógico esperar que em municípios mais desenvolvidos
com uma maior taxa de urbanização este índice venha a apresentar valores
reduzidos.
Em relação ao índice de má-oclusão, pode-se observar que 70% da amostra
apresentou algum tipo de oclusopatia (Tabela 6), sendo que o tipo severo foi a mais
freqüente (Tabela 7).
Tabela 6 - Prevalência de oclusopatias em números absolutos e percentuais na
amostra. Cajazeiras (Macaíba/RN), 2005.
GÊNERO
Masculino Feminino TOTAL
CONDIÇÃO
N % N % N %
Com Oclusopatia 15 30 20 40 35 70
Sem Oclusopatia 7 14 8 16 15 30
TOTAL 22 44 28 56 50 100

Tabela 7 – Número e percentual dos escolares examinados, de acordo com a condição
de oclusão. Cajazeiras (Macaíba/RN), 2005.
CONDIÇÃO DE
OCLUSÃO
N %
Normal
15 30
Leve
07 14
Severa ou Moderada
28 56
TOTAL
Comparando os nossos resultados com os dados de outros municípios do
RN, constatou-se que a amostra deste estudo exibiu uma maior prevalência de
oclusopatias (Tabela 8). Diante da alta prevalência de oclusopatias encontradas na
amostra, buscou-se através dos questionários relacionar as possíveis causas para
esse resultado. Todos os questionários entregues às mães dos pré-escolares da
amostra foram recuperados.
50 100
Tabela 8 - Prevalência de má-oclusão segundo municípios do RN. Cajazeiras
(Macaíba/RN), 2005.
PREVALÊNCIA DE MÁ-OCLUSÃO
RN
MUNICÍPIOS DO
Leve Severa
TOTAL
Pureza (2003)
3,23% 12,90% 16,13%
Natal (2003)
16,4% 12,3% 28,7%
São
Gonçalo(1996)
27,56% 14,37% 41,93%
Jundiá (2003) 7,1% 44,60% 51,70%
Os resultados das questões do questionário são mostrados na Tabela 9. Das
respostas obtidas dos 50 questionários distribuídos com as mães, constatou-se que
96% das crianças foram amamentadas exclusivamente no peito (AME). Contudo,
somente metade destas crianças amamentaram até os dois primeiros meses. A
mamadeira foi introduzida precocemente, a partir de menos de 2 meses de idade
na maioria dessas crianças. O tempo da AME influencia significantemente na
prevalência e persistência no hábito de sucção de chupeta (SANTOS, 2005), por
isso o aleitamento materno natural, que é o melhor método de prevenção de
hábitos bucais deletérios e, por tantas outras vantagens, deve ser rigorosamente
encorajado (BARRETO
Também foi constatado que grande parte da amostra (44%) dorme ou
respira de boca aberta e 16% apresentou algum tipo de problema respiratório,
sendo o “cansaço” o mais comum. A respiração bucal não deve ser considerada
uma alternativa fisiológica e sim uma condição patológica. Suas causas podem
estar relacionadas com doenças respiratórias ou alérgicas que forçam o paciente a
respirar pela boca. A obtenção e a maturação de um correto selamento labial e da
respiração nasal é, portanto, um dos mais importantes procedimentos da
Ortodontia preventiva (FALTIN JR. & FALTIN, 1999).
Corroborando os dados de SANTOS (2005) na cidade de Natal, o hábito de
sucção de chupeta também foi mais freqüente que o de sucção digital. A maioria
desses escolares (68%) realiza ou realizou a sucção de chupeta por mais de 3 anos
numa freqüência superior a 3 vezes ao longo do dia. O hábito de sucção digital era
realizado por 14% dessas crianças com duração média de 2 anos numa freqüência
superior a 4 vezes ao dia.
et al., 2003).


Tabela 9 – Distribuição em percentuais das respostas obtidas do questionário com as
mães dos pré-escolares. Cajazeiras (Macaíba/RN), 2005.
AME 96%
< 1MÊS 24%
1 – 2 MESES 24%
2 – 5 MESES 18%
5 – 8 MESES 12%
> 8 MÊSES 18%
MAMADEIRA 92%
A PARTIR DE < 1MÊS 28%
A PARTIR DE 1 - 2 MESES 24%
A PARTIR DE 2 – 5 MESES 18%
A PARTIR DE 5 – 8 MESES 12%
A PARTIR DE 8 MESES 10%
RESPIRAÇÃO BUCAL 44%
ALTERAÇÕES RESPIRATÓRIAS OU PROCESSOS ALÉRGICOS 16%
CANSAÇO 8%
ASMA 4%
RINITE ALÉRGICA 1%
ALERGIA À MEDICAMENTOS 1%
SUCÇÃO DE CHUPETA 68%
1 - 3 MESES 2,94%
3 – 6 MESES 5,88%
6 – 9 MESES 11,76%
9 MESES – 2 ANOS 23,53%
2 – 3 ANOS 23,53%
DURAÇÃO
> 3 ANOS 32,35%
1 VEZ AO DIA (P / DORMIR) 26,47%
2 VEZES AO DIA 8,82%
FREQUÊNCIA
3 OU + VEZES 64,70%
SUCÇÃO DIGITAL 14%
MENOS DE 1 ANO 0%
1 - 2 ANOS 4%
2 - 3 ANOS 6%
DURAÇÃO
> 3 ANOS 4%
1 VEZ AO DIA (P / DORMIR) 5%
2 VEZES AO DIA 1%
FREQUÊNCIA
3 OU + VEZES AO DIA 8%



Diante dos resultados obtidos, novas estratégias foram adotadas pela
Equipe de Saúde Bucal (ESB) do PSF, a fim de incrementar as ações preventivas e
curativas na comunidade, tanto em relação à cárie dentária, bem como às
oclusopatias. Satisfatoriamente, com o apoio do gestor local através da aquisição
de materiais de baixo custo, as maloclusões passaram a ser tratadas
adequadamente, tanto no que diz respeito à intervenção mecânica, através de
aparelhagem ortodôntica simples, que é confeccionada na própria unidade de
saúde pelo cirurgião-dentista (como descrito no caso clínico no anexo 4), como
também através de ações de promoção em saúde potencializadas pela criação de
uma equipe multidisciplinar objetivando a eliminação de fatores etiológicos para o
desenvolvimento de oclusopatias como hábitos parafuncionais já instalados e
prevenção e tratamento da cárie dentária.
Uma outra abordagem para a prevenção de oclusopatias é a realização de
palestras periódicas com grupos de grávidas da comunidade as quais são
esclarecidas quanto ao uso nocivo da chupeta e mamadeira, uso indiscriminado do
açúcar, quanto à necessidade da higienização oral da criança e vigilância quanto ao
desenvolvimento de hábitos parafuncionais, sendo fortemente encorajadas à
amamentação natural durante o maior tempo possível.

6 C
ONCLUSÕES
A prevalência de cárie dentária na amostra foi de 76%, tendo o índice ceo-d
uma média de 5,05, sendo muito influenciado pelo componente cariado; nenhuma
criança apresentou alterações gengivais e em relação à prevalência de má-oclusão,
70% da amostra exibiu algum tipo de oclusopatia, sendo que o tipo severo foi o
mais freqüente;
O hábito de sucção de chupeta foi o mais realizado entre as crianças do
estudo. A maioria dos pré-escolares (68%) realizava ou tinha realizado sucção de
chupeta por mais de 3 anos numa freqüência superior a 3 vezes ao longo do dia.
Grande parte da amostra (44%) dormia ou respirava de boca aberta e 16%
apresentou algum tipo de problema respiratório Constatou-se que 96% das
crianças foram amamentadas naturalmente. Contudo, somente metade destas
crianças amamentaram até os dois primeiros meses. A mamadeira foi introduzida
precocemente, a partir de menos de 2 meses de idade na maioria dessas crianças.
Satisfatoriamente, pacientes apresentando oclusopatias passaram a ser
tratados adequadamente na Unidade de Saúde, tanto no que diz respeito à
intervenção mecânica, através de instalação de aparelhagem ortodôntica, como
também através de uma abordagem multidisciplinar utilizando os próprios
profissionais da Unidade de Saúde e de referência como coadjuvantes no
tratamento ortodôntico.
O tratamento Ortodôntico preventivo e interceptativo é uma prática viável em
saúde pública. Através dos conhecimentos básicos do cirurgião-dentista clínico,
este tratamento pode ser disponibilizado para os usuários do sistema
potencializando as ações de promoção em saúde bucal. No entanto, é de
fundamental importância a implementação de ações contínuas visando a prevenção
da cárie e maloclusão: orientações no controle da dieta, na correta higienização
bucal, na eliminação de hábitos deletérios, no tratamento da respiração bucal e na
incentivação da amamentação natural.




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