sábado, 12 de fevereiro de 2011

ortodontia oreventiva na saúde pública

O texto não é meu , mas é sobre um estudo que estou fazendo , por isso coloquei , e minha proxima postagem falarei sobre esse tema novamente , acho importante que a ortodontia preventiva seja abraçada pelo SUS , pois tão importante quanto ao tratamento preventivo da cárie , é o tratamento da oclusão .
1 I
NTRODUÇÃO
Através do conhecimento epidemiológico é possível conhecer a distribuição
e a gravidade de condições mórbidas que possam ocorrer numa população.
Também é possível, da mesma forma, verificar a interferência de fatores
etiológicos sobre a ocorrência das doenças, fornecendo dados para o planejamento
de ações preventivas e curativas.
Sabe-se que a cárie dentária e a doença periodontal são as doenças bucais
mais prevalentes no nosso país e, por esse motivo, é comum a disponibilidade de
dados para acompanhar suas prevalências. No entanto, as oclusopatias muitas
vezes podem ser tão prevalentes quanto a cárie e a doença periodontal,
dependendo da região e das características do grupo populacional estudado
(FRAZÃO, 1999). O crescimento harmônico da face e a correta erupção e
implantação dos dentes nas bases ósseas visando uma oclusão balanceada são
aspectos que também devem ser levados em consideração dentro do conceito de
prevenção. Os procedimentos preventivos e interceptativos dentro da Ortodontia
são viáveis no serviço público, pois são de conhecimento de qualquer clínico,
requerem muitas vezes somente orientações à criança e aos pais, o
encaminhamento a um outro profissional de saúde e, quando necessário, a
confecção de simples aparelhos removíveis ou mantenedores de espaço capazes de
serem confeccionados pelo próprio dentista generalista na sua Unidade de Saúde.
Somente ao restaurar uma cárie interproximal num molar decíduo, já se previne
uma perda de espaço, e isso é também Ortodontia preventiva.
Este trabalho foi realizado na comunidade de Cajazeiras que fica localizada
na zona rural do município de Macaíba distante 45 Km de Natal/ RN, e que conta
com a assistência de uma equipe de saúde do PSF (Programa de Saúde da Família)
composta por uma médica, uma cirurgiã-dentista, uma enfermeira, uma auxiliar
de consultório dentário (ACD), um auxiliar de enfermagem e cinco agentes
comunitários de saúde (ACS), cuja prioridade é contribuir para a reorientação do
modelo assistencial a partir da atenção básica, fortemente centrado em ações
preventivas e curativas, saindo do atendimento tradicional e em conformidade
com os princípios do SUS (Sistema Único de Saúde).
O estudo foi dividido em três partes: a primeira foi conhecer a prevalência
da cárie dentária, má-oclusão e alterações gengivais em pré-escolares da
comunidade; a segunda parte foi avaliar a ocorrência de hábitos bucais deletérios,
de respiração bucal e o tempo de amamentação natural da amostra; e, por fim, a
terceira parte caracterizou-se pela reformulação das ações de promoção em saúde
bucal da Unidade visando a prevenção de oclusopatias no paciente infantil.
2
OBJETIVOS
2.1
GERAL
Incrementar e reorganizar as ações da equipe de saúde bucal do PSF da
comunidade de Cajazeiras visando a prevenção de oclusopatias.
2.2
ESPECÍFICOS
Estimar a prevalência de oclusopatias, cárie dentária e alterações
gengivais em pré-escolares de 5 anos da comunidade;
Avaliar a ocorrência de hábitos parafuncionais, o percentual de
crianças respiradoras bucais e amamentadas naturalmente na comunidade de
Cajazeiras;
Viabilizar o tratamento Ortodôntico preventivo e interceptativo na
Unidade de Saúde pública da comunidade objetivando maior integralidade de
ações preventivas em saúde bucal para os usuários do sistema;
Criar uma equipe multidisciplinar que englobe os profissionais da
Unidade de Saúde e os de referência para prevenir e tratar holisticamente as
oclusopatias no paciente
infantil.
3
REVISÃO DE LITERATURA
O PSF tem como princípios a universalidade e eqüidade da atenção, a
integralidade das ações, voltadas a permanente defesa da vida do cidadão,
imprimindo uma nova dinâmica de atuação nas unidades básicas de saúde, com
definição de responsabilidades entre os serviços de saúde e a população,
proporcionando o desenvolvimento de ações humanizadas, tecnicamente
competentes, intersetorialmente articuladas e socialmente apropriadas (TRAD &
BASTOS, 1998).
Em relação à saúde bucal das crianças pré-escolares, a literatura consultada
mostra ser este o período de alto risco de alterações bucais, e mesmo assim, os
levantamentos epidemiológicos nesta idade ainda são inexpressivos em relação
àqueles realizados em escolares. A prevalência de cárie varia conforme a idade e o
ceo-d aumenta em relação direta com o aumento da idade (BEZERRA, 1990).
A saúde bucal engloba um conceito amplo no qual a prevenção da cárie
dentária e doença periodontal são só um dos pontos básicos e fundamentais.
Porém, o crescimento harmônico da face e a correta erupção e implantação dos
dentes nas bases ósseas visando uma oclusão balanceada são aspectos que devem
ser levados em consideração dentro do conceito de prevenção. Qualquer programa
de promoção de saúde bucal deveria englobar a Ortodontia preventiva, dada a sua
importância para o desenvolvimento, crescimento e maturação do sistema
estomatognático infantil (FALTIN JR. & FALTIN, 1999).
A cárie dentária é a patologia de maior incidência dentre àquelas que
acometem a cavidade bucal
para acompanhar sua prevalência. No Rio Grande do Norte, diversos estudos em
diferentes municípios mostraram variadas taxas de prevalência para a cárie
dentária na idade de 5 anos.
Em um estudo epidemiológico realizado no município de Arês, foi
observado que o ceo-d nas crianças foi de 3,84 com um maior percentual de dentes
cariados com necessidade de tratamento restaurador na maioria dos casos
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ODONTOLOGIA, 2001).
No município de Ceará - Mirim foi observada uma prevalência de 57,1% de
cárie, ceo-d médio de 2,12 e nenhuma alteração gengival em crianças de 5 anos de
idade. Esse valor quase atingiu a meta da Organização Mundial de Saúde (OMS)
que previa para o ano de 2000 na idade de 5 anos que 50% das crianças nessa
idade deveriam estar livres de cárie (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO
GRANDE DO NORTE, 2001).
Em estudo realizado no município de J undiá foi verificado que 83,92% das
crianças com 5 anos apresentavam cárie. Além disso, foi observado um ceo-d de
6,86, sangramento gengival em apenas 3,6% das crianças e cerca de 52% dos
examinados possuíam algum tipo de má-oclusão, sendo que 44,60% das
maloclusões observadas eram do tipo severo (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO
GRANDE DO NORTE, 2003).
J á nos municípios de São Gonçalo do Amarante (SÃO GONÇALO DO
AMARANTE / RN. Secretaria Municipal de Saúde, 1996) e Pureza (BRASIL,
Ministério da Saúde, 2003b), o ceo-d médio aos 5 anos foi de 3,05 e 3,9 e a
prevalência de má-oclusão foi de 41,93% e 16,13% respectivamente.
Em Natal, foi verificado um ceo-d de 3,45 fortemente influenciado pelo
componente cariado. Nesse estudo 28,70% da amostra encontrava-se com alguma
alteração oclusal (BRASIL, Ministério da Saúde, 2003a).
Em relação à prevalência de hábitos deletérios, SANTOS (2005) observouse
em estudo realizado em Natal, com crianças de 3 a 5 anos de idade, uma alta
prevalência (41%) de hábitos de sucção não-nutritiva na amostra estudada. Foi
verificada uma elevada freqüência de sucção de chupeta em crianças amamentadas
num período inferior a 6 meses.
. Por esse motivo, é comum a disponibilidade de dados
4 M
ETODOLOGIA
A metodologia utilizada para as duas primeiras partes do estudo tomou
como base teórico-metodológica o Projeto SB Brasil (BRASIL. Ministério da
Saúde, 2000) e o Manual de Levantamento Epidemiológico Básico de Saúde Bucal
da Organização Mundial da Saúde (OMS,1997).
A primeira parte foi estimar a prevalência de cárie dentária, má-oclusão e
alterações gengivais através do exame intra-oral. A segunda parte do estudo foi,
através de questionários, avaliar a presença de hábitos deletérios, de problemas
respiratórios e o tempo de amamentação natural na amostra.
A amostra deste estudo foi constituída por escolares de ambos os sexos na
idade de 5 anos atendidos pelo PSF, que não estivessem utilizando e que nunca
tivessem utilizado aparelhagem ortodôntica antes da realização do estudo. A idade
de 5 anos é importante em relação aos níveis de doenças bucais na dentição
decídua , já que podem exibir mudanças em um período de tempo menor que a
dentição permanente em outras idades-índices.
Para a faixa etária estudada foram examinados 50 indivíduos escolhidos
aleatoriamente, que de acordo com a OMS (1997) é um número com
representatividade suficiente para estudos menos complexos e para pequenas
populações.
Para estimar a prevalência de cárie dentária e má-oclusão foram utilizados
respectivamente os índices ceo-d e de má-oclusão que, preconizado pela OMS em
sua versão anterior (1987), foi modificado pela Faculdade de Saúde Pública da USP
em 1996, conforme critérios descritos a seguir:
Normal: ausência de alterações oclusais;
Leve: quando há um ou mais dentes com giroversão ou ligeiro apinhamento
ou espaçamento prejudicando o alinhamento regular;
Moderada/ Severa: quando há um efeito inaceitável sobre a aparência facial,
ou uma significativa redução da função mastigatória, ou problemas fonéticos
observados pela presença de uma ou mais das seguintes condições nos quatro
incisivos anteriores:
Transpasse horizontal maxilar estimado em 9 mm ou mais (overjet
positivo);
Transpasse horizontal mandibular, mordida cruzada anterior igual
ou maior que o tamanho de um dente (overjet negativo);
Mordida aberta;
Desvio de linha média estimado em 4 mm ou mais;
Apinhamento ou espaçamento estimado em 4 mm ou mais.
As alterações oclusais não explicadas nos critérios acima, como, por
exemplo, mordida cruzada posterior (uni ou bilateral), sobremordida ou
transpasse vertical acima de 2 mm, foram incluídas na categoria leve.
O índice
iniciais significam, respectivamente: dentes cariados
ceo-d mede o ataque de cárie dentária à dentição decídua. Suas(c), com extração indicada
(e),
devido às dificuldades em identificar os que o foram perdidos devido a cárie e os
que foram perdidos pelo processo natural de esfoliação dentária.
Durante o exame da dentição para cárie dentária foram também observadas
a condição periodontal, avaliada com a utilização do índice AG (alteração
gengival), onde é observado qualquer sinal de sangramento espontâneo em 3 ou
mais coroas, e a necessidade de tratamento.
Os exames clínicos foram realizados por dois examinadores previamente
calibrados, os quais examinaram dez indivíduos nas mesmas faixas etárias. A
calibração permitiu uma maior intimidade com os índices a serem utilizados e o
consenso em relação aos critérios de diagnóstico. A concordância intra e interexaminador
foi determinada reexaminando 12% da amostra, sorteando ao acaso
as repetições sem conhecimento dos examinadores.
Os exames intrabucais foram realizados nas escolas e creches da
comunidade de Cajazeiras, onde as crianças selecionadas da amostra estavam
matriculadas.
Os pré-escolares que foram examinados receberam todas as informações
necessárias de como seriam feitos os exames, com a devida autorização
obturados (o) e a unidade de medida que é o dente (d). Exclui os extraídos



responsáveis (anexo 1). Os indivíduos foram orientados a ficarem sentados em
uma cadeira, onde se podia aproveitar ao máximo a luz natural.
O cirurgião-dentista examinador, devidamente paramentado com avental,
máscara e luvas descartáveis, realizou o exame com auxílio do espelho bucal.
Foram observadas as condições de coroa, gengiva e, a seguir foi realizado o exame
oclusal com o paciente em relação cêntrica. O exame foi rápido, indolor e não usou
qualquer substância antes, durante ou após o exame. O auxiliar anotador ficou ao
lado do cirurgião-dentista e registrou os dados na ficha específica (anexo 2),
utilizando os códigos preestabelecidos de cada índice transmitidos pelo
examinador (BRASIL. Ministério da Saúde, 2000b).
Além do exame clínico, foi utilizado um questionário (anexo 3) previamente
testado em 10% da amostra e aplicados aos pais ou responsáveis das crianças
examinadas contendo oito questões fechadas. Essas questões tiveram o objetivo de
investigar a ocorrência de hábitos parafuncionais (tipo, freqüência e duração), o
número de crianças amamentadas exclusivamente no peito (AME), duração da
amamentação natural e a história médica dos escolares examinados (presença ou
ausência de doenças respiratórias e alérgicas).
Após a realização do levantamento epidemiológico na comunidade, seguiuse
a terceira fase do estudo onde criou-se um protocolo que pudesse atender
pacientes infantis com necessidades de prevenção e tratamento de oclusopatias.
Durante a consulta odontológica na Unidade de Saúde, detectando-se
fatores etiológicos capazes de levar a uma oclusopatia, ou diagnosticando-se
clinicamente uma oclusopatia já instalada, os pais do paciente infantil são
comunicados a respeito da necessidade do tratamento ortodôntico. Modelos de
estudo, radiografias periapicais e fotografias digitais intra e extraorais são obtidas
do paciente para comporem uma documentação ortodôntica “alternativa” a fim de
se planejar o tratamento. Havendo a necessidade de confecção de aparelhagem
ortodôntica esta também é realizada na própria Unidade de Saúde pelo próprio
cirurgião-dentista utilizando materiais e instrumentais básicos. A seguir, a
instalação da aparelhagem é realizada no paciente sendo o mesmo e os seus pais
orientados em relação ao seu correto uso e necessidade de acompanhamento
periódico mensal pelo cirurgião-dentista.



Na necessidade de uma abordagem multidisciplinar, a criança é
encaminhada ao(s) profissional(is) adequado(s) da rede para tratar sua deficiência
mediante ficha de encaminhamento do cirurgião-dentista, a qual consiste em toda
história odontológica do paciente, suas necessidades de tratamento e auxílio
terapêutico do profissional que a está recebendo. Porém, antes disso, debateu-se
com todos os profissionais de saúde da Unidade cujas especialidades estivessem
diretamente relacionadas com a prevenção e/ ou tratamento de maloclusões
dentárias - cirurgiões-dentistas, pediatras, psicólogos, fonoaudiólogos,
fisioterapeutas e nutricionistas – sobre a necessidade da formação de uma equipe
multidisciplinar para o tratamento do paciente infantil portador de uma
oclusopatia deixando-os a par dos encaminhamentos quando preciso.



5 R
ESULTADOS E DISCUSSÃO
Todos os indivíduos da amostra foram examinados, não ocorrendo
nenhuma recusa em participar do estudo. A reprodutibilidade diagnóstica dos
examinadores para cada índice utilizado foi medida através da percentagem geral
de concordância intra e inter-examinador do Projeto SB Brasil (BRASIL,
Ministério da Saúde, 2000a). Os dados das concordâncias podem ser observados
na Tabela 1, os quais adequam-se aos parâmetros de confiabilidade considerados
de ótima concordância.
Tabela 1 – Percentual de concordância intra e inter-examinador, em relação aos
índices ceo-d e má-oclusão. Cajazeiras (Macaíba/RN), 2005.
CONCORDÂNCIA
ÍNDICES
INTRA-EXAMINADOR INTER-EXAMINADOR
Examinador 1 Examinador 2
Ceo-d
0,99 0,96 0,98Má-Oclusão 0,99 0,97 0,98




Tabela 2 – Número e percentual de crianças examinadas segundo gênero. Cajazeiras
(Macaíba/RN), 2005.
GÊNERO TOTAL
Masculino Feminino
N % N % N %
22 44,00 28 56,00 50 100,00
A Tabela 2 ilustra a distribuição da amostra por gênero, onde se percebe que
o sexo feminino esteve mais presente na amostra.
Na Tabela 3 estão ilustrados os valores percentuais da prevalência de cárie,
tomando-se como unidade o indivíduo. Foi observado que somente 24% dos
indivíduos da amostra apresentaram-se livres de cárie (ceo-d = 0), um percentual
abaixo da meta estabelecida (50% livre de cárie) pela Organização Mundial de
Saúde para o ano 2000, para a idade de 5 anos (MOYSÉS, 1999).
Em localidades com esperada alta prevalência, este dado é limitado, daí a
necessidade de se avaliar o grau de ataque da cárie a partir do índice ceo-d, onde
maiores diferenças podem ser observadas. Na Tabela 4 pode-se observar o valor
médio de 5,05 para o índice ceo-d, o qual é bastante influenciado pelo componente
“cariado” (Gráfico 1), sugerindo uma baixa atenção à saúde bucal na idade préescolar.

Tabela 3 – Prevalência de cárie em números absolutos e percentuais, de acordo com a
amostra. Cajazeiras (Macaíba/RN), 2005.
AMOSTRA
CONDIÇÃO
N %
Com Cárie
38 76,00
Sem Cárie
12 24,00
TOTAL
50 100,00
Tabela 4 – Média do índice ceo-d, seus componentes e desvio-padrão, para um
intervalo de confiança de 95%. Cajazeiras (Macaíba/RN), 2005.
N
Ceo-d Cariado Obt/Cariado Obturado Perdido D.Padrão
50 5,05 4,58 0,03 0,05 0,39 4,66
Gráfico 1 – Composição percentual dos componentes do índice ceo-d.
Cajazeiras (Macaíba/RN), 2005.
90%
8%
1%
1%
Cariado
Obt/Cariado
Obturado
Perdido


De acordo com a Tabela 5 pode-se observar que a maior necessidade de
tratamento da amostra consiste em realizar tratamento restaurador, seguido de
endodontia e exodontia, que são considerados procedimentos clínicos simples, de
baixo custo e de pequena complexidade, que podem ser realizados por cirurgiãodentista
generalista. Em relação às alterações gengivais, estas foram inexistentes,
pois não foi observado sangramento gengival espontâneo durante a realização dos
exames. Porém, percebeu-se que grande parte das crianças examinadas
apresentavam higiene bucal deficiente com grande acúmulo de biofilme dentário.
Tabela 5 – Número e percentual de necessidade de tratamento na amostra. Cajazeiras
(Macaíba/RN), 2005.
NECESSIDADE DE
TRATAMENTO
N %
Restauração de 1 Face
321 42,24
Restauração de 2 ou +
Faces
269 35,39
Endodontia
61 8,03
Exodontia
109 14,34
TOTAL
O índice ceo-d encontrado na nossa amostra foi 5,05 e em outros
municípios do Rio Grande do Norte foram: 2,12 em Ceará Mirim
(UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE, 2001), 3,05 em São
Gonçalo do Amarante (SÃO GONÇALO DO AMARANTE/ RN. Secretaria
Municipal de Saúde, 1996), 3,45 em Natal (BRASIL. Ministério da Saúde, 2003a),
760 100,00


3,84 em Arês (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ODONTOLOGIA, 2001) e 3,9 em
Pureza (BRASIL. Ministério da Saúde, 2003b). Quando comparado aos nossos
resultados, estes municípios exibiram melhores condições. Porém o município de
Jundiá apresentou um valor para o ceo-d de 6,86 (UNIVERSIDADE FEDERAL DO
RIO GRANDE DO NORTE, 2003). O alto valor do ceo-d encontrado no nosso
estudo pode ser explicado por se tratar de uma comunidade rural e sócioeconomicamente
carente. É lógico esperar que em municípios mais desenvolvidos
com uma maior taxa de urbanização este índice venha a apresentar valores
reduzidos.
Em relação ao índice de má-oclusão, pode-se observar que 70% da amostra
apresentou algum tipo de oclusopatia (Tabela 6), sendo que o tipo severo foi a mais
freqüente (Tabela 7).
Tabela 6 - Prevalência de oclusopatias em números absolutos e percentuais na
amostra. Cajazeiras (Macaíba/RN), 2005.
GÊNERO
Masculino Feminino TOTAL
CONDIÇÃO
N % N % N %
Com Oclusopatia 15 30 20 40 35 70
Sem Oclusopatia 7 14 8 16 15 30
TOTAL 22 44 28 56 50 100

Tabela 7 – Número e percentual dos escolares examinados, de acordo com a condição
de oclusão. Cajazeiras (Macaíba/RN), 2005.
CONDIÇÃO DE
OCLUSÃO
N %
Normal
15 30
Leve
07 14
Severa ou Moderada
28 56
TOTAL
Comparando os nossos resultados com os dados de outros municípios do
RN, constatou-se que a amostra deste estudo exibiu uma maior prevalência de
oclusopatias (Tabela 8). Diante da alta prevalência de oclusopatias encontradas na
amostra, buscou-se através dos questionários relacionar as possíveis causas para
esse resultado. Todos os questionários entregues às mães dos pré-escolares da
amostra foram recuperados.
50 100
Tabela 8 - Prevalência de má-oclusão segundo municípios do RN. Cajazeiras
(Macaíba/RN), 2005.
PREVALÊNCIA DE MÁ-OCLUSÃO
RN
MUNICÍPIOS DO
Leve Severa
TOTAL
Pureza (2003)
3,23% 12,90% 16,13%
Natal (2003)
16,4% 12,3% 28,7%
São
Gonçalo(1996)
27,56% 14,37% 41,93%
Jundiá (2003) 7,1% 44,60% 51,70%
Os resultados das questões do questionário são mostrados na Tabela 9. Das
respostas obtidas dos 50 questionários distribuídos com as mães, constatou-se que
96% das crianças foram amamentadas exclusivamente no peito (AME). Contudo,
somente metade destas crianças amamentaram até os dois primeiros meses. A
mamadeira foi introduzida precocemente, a partir de menos de 2 meses de idade
na maioria dessas crianças. O tempo da AME influencia significantemente na
prevalência e persistência no hábito de sucção de chupeta (SANTOS, 2005), por
isso o aleitamento materno natural, que é o melhor método de prevenção de
hábitos bucais deletérios e, por tantas outras vantagens, deve ser rigorosamente
encorajado (BARRETO
Também foi constatado que grande parte da amostra (44%) dorme ou
respira de boca aberta e 16% apresentou algum tipo de problema respiratório,
sendo o “cansaço” o mais comum. A respiração bucal não deve ser considerada
uma alternativa fisiológica e sim uma condição patológica. Suas causas podem
estar relacionadas com doenças respiratórias ou alérgicas que forçam o paciente a
respirar pela boca. A obtenção e a maturação de um correto selamento labial e da
respiração nasal é, portanto, um dos mais importantes procedimentos da
Ortodontia preventiva (FALTIN JR. & FALTIN, 1999).
Corroborando os dados de SANTOS (2005) na cidade de Natal, o hábito de
sucção de chupeta também foi mais freqüente que o de sucção digital. A maioria
desses escolares (68%) realiza ou realizou a sucção de chupeta por mais de 3 anos
numa freqüência superior a 3 vezes ao longo do dia. O hábito de sucção digital era
realizado por 14% dessas crianças com duração média de 2 anos numa freqüência
superior a 4 vezes ao dia.
et al., 2003).


Tabela 9 – Distribuição em percentuais das respostas obtidas do questionário com as
mães dos pré-escolares. Cajazeiras (Macaíba/RN), 2005.
AME 96%
< 1MÊS 24%
1 – 2 MESES 24%
2 – 5 MESES 18%
5 – 8 MESES 12%
> 8 MÊSES 18%
MAMADEIRA 92%
A PARTIR DE < 1MÊS 28%
A PARTIR DE 1 - 2 MESES 24%
A PARTIR DE 2 – 5 MESES 18%
A PARTIR DE 5 – 8 MESES 12%
A PARTIR DE 8 MESES 10%
RESPIRAÇÃO BUCAL 44%
ALTERAÇÕES RESPIRATÓRIAS OU PROCESSOS ALÉRGICOS 16%
CANSAÇO 8%
ASMA 4%
RINITE ALÉRGICA 1%
ALERGIA À MEDICAMENTOS 1%
SUCÇÃO DE CHUPETA 68%
1 - 3 MESES 2,94%
3 – 6 MESES 5,88%
6 – 9 MESES 11,76%
9 MESES – 2 ANOS 23,53%
2 – 3 ANOS 23,53%
DURAÇÃO
> 3 ANOS 32,35%
1 VEZ AO DIA (P / DORMIR) 26,47%
2 VEZES AO DIA 8,82%
FREQUÊNCIA
3 OU + VEZES 64,70%
SUCÇÃO DIGITAL 14%
MENOS DE 1 ANO 0%
1 - 2 ANOS 4%
2 - 3 ANOS 6%
DURAÇÃO
> 3 ANOS 4%
1 VEZ AO DIA (P / DORMIR) 5%
2 VEZES AO DIA 1%
FREQUÊNCIA
3 OU + VEZES AO DIA 8%



Diante dos resultados obtidos, novas estratégias foram adotadas pela
Equipe de Saúde Bucal (ESB) do PSF, a fim de incrementar as ações preventivas e
curativas na comunidade, tanto em relação à cárie dentária, bem como às
oclusopatias. Satisfatoriamente, com o apoio do gestor local através da aquisição
de materiais de baixo custo, as maloclusões passaram a ser tratadas
adequadamente, tanto no que diz respeito à intervenção mecânica, através de
aparelhagem ortodôntica simples, que é confeccionada na própria unidade de
saúde pelo cirurgião-dentista (como descrito no caso clínico no anexo 4), como
também através de ações de promoção em saúde potencializadas pela criação de
uma equipe multidisciplinar objetivando a eliminação de fatores etiológicos para o
desenvolvimento de oclusopatias como hábitos parafuncionais já instalados e
prevenção e tratamento da cárie dentária.
Uma outra abordagem para a prevenção de oclusopatias é a realização de
palestras periódicas com grupos de grávidas da comunidade as quais são
esclarecidas quanto ao uso nocivo da chupeta e mamadeira, uso indiscriminado do
açúcar, quanto à necessidade da higienização oral da criança e vigilância quanto ao
desenvolvimento de hábitos parafuncionais, sendo fortemente encorajadas à
amamentação natural durante o maior tempo possível.

6 C
ONCLUSÕES
A prevalência de cárie dentária na amostra foi de 76%, tendo o índice ceo-d
uma média de 5,05, sendo muito influenciado pelo componente cariado; nenhuma
criança apresentou alterações gengivais e em relação à prevalência de má-oclusão,
70% da amostra exibiu algum tipo de oclusopatia, sendo que o tipo severo foi o
mais freqüente;
O hábito de sucção de chupeta foi o mais realizado entre as crianças do
estudo. A maioria dos pré-escolares (68%) realizava ou tinha realizado sucção de
chupeta por mais de 3 anos numa freqüência superior a 3 vezes ao longo do dia.
Grande parte da amostra (44%) dormia ou respirava de boca aberta e 16%
apresentou algum tipo de problema respiratório Constatou-se que 96% das
crianças foram amamentadas naturalmente. Contudo, somente metade destas
crianças amamentaram até os dois primeiros meses. A mamadeira foi introduzida
precocemente, a partir de menos de 2 meses de idade na maioria dessas crianças.
Satisfatoriamente, pacientes apresentando oclusopatias passaram a ser
tratados adequadamente na Unidade de Saúde, tanto no que diz respeito à
intervenção mecânica, através de instalação de aparelhagem ortodôntica, como
também através de uma abordagem multidisciplinar utilizando os próprios
profissionais da Unidade de Saúde e de referência como coadjuvantes no
tratamento ortodôntico.
O tratamento Ortodôntico preventivo e interceptativo é uma prática viável em
saúde pública. Através dos conhecimentos básicos do cirurgião-dentista clínico,
este tratamento pode ser disponibilizado para os usuários do sistema
potencializando as ações de promoção em saúde bucal. No entanto, é de
fundamental importância a implementação de ações contínuas visando a prevenção
da cárie e maloclusão: orientações no controle da dieta, na correta higienização
bucal, na eliminação de hábitos deletérios, no tratamento da respiração bucal e na
incentivação da amamentação natural.




R
EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ODONTOLOGIA. Secção do Estado do Rio
Grande do Norte. Curso de Especialização em Odontologia em Saúde
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